Histórias de um empresário que foi político por 4 anos

Cristiano Maia governou o município de Jaguaribara por um só mandato. Recusou o carro oficial, doou seus vencimentos a um professor que educava crianças especiais e nunca viajou às custas da Prefeitura

Esta coluna conversou ontem com Cristiano Maia, sócio majoritário do Grupo Samaria, um conglomerado de várias empresas que atuam em diferentes ramos da atividade agroindustrial. Ele foi político durante quatro anos, quando, eleito pelo voto popular, no início dos anos 2000, se tornou prefeito de Jaguaribara na época da construção da barragem do Castanhão e da nova cidade-sede do município.

Sob o testemunho de mais três empresários, Cristiano Maia revelou que, durante os seus quatro anos de gestão no governo de Jaguaribara, doou seus vencimentos de prefeito a um professor que executava um projeto de educação de crianças especiais. Quando viajava em missão oficial, ele custeava as despesas com passagem aérea, hospedagem e alimentação, sem usar dinheiro da Prefeitura. “Até o carro que eu usava nos meus deslocamentos era o meu”, contou ele.
 
Disse que, com recursos de sua empresa Samaria, bancou os estudos universitários de vários jovens de Jaguaribara, o que segue fazendo até hoje, “ajudando quem precisa de ajuda”. 

Sob o olhar atento dos que o escutavam, Cristiano Maia narrou seu esforço para evitar o apelo da reeleição feito por vários correligionários da época. 

“Quatro anos são um tempo suficiente para você executar um bom plano de governo voltado para o bem-estar da população. Passar na prefeitura mais do que esse tempo será escorregar na casca de banana e cair na esparrela das práticas irregulares. E aí você passa a ser assunto da língua do povo, para quem todo político é corrupto”, disse ele.

Respeitado pelos políticos e eleitores de Jaguaribara e dos demais municípios jaguaribanos, Cristiano Maia – que há 20 dias recebeu a Medalha do Mérito Industrial conferida pela Fiec – mantém-se em contato com eles, acompanhando o que se passa na vida social, política e econômica do município, parte de cuja sede submergiu nas águas do gigantesco açude que tem o nome da cidade.

Maior criador de camarão do país, com fazendas de produção em Beberibe e Paraipaba, no Ceará, e Pendências, no Rio Grande do Norte, e dono de fábricas de ração para animais em Maracanaú, no Ceará, e Goiana, em Pernambuco, além de uma empresa construtora e conservadora de estradas, todas com o nome de Samaria, Cristiano Maia – com sua mulher Luzia, “que é minha fonte inspiradora”, e com seus filhos Moacy, Giscard e Christianny – dedica-se hoje integralmente aos seus negócios, dos quais dependem mais de 2 mil colaboradores e suas famílias. 

Voltaria à política, se fosse convidado, se aparecesse uma boa oportunidade? – perguntou a coluna. Cristiano respondeu:

“Já dei minha parcela de colaboração à política e à vida pública do meu Estado. Tenho grandes amigos nela, e eles sempre estão a me pedir conselhos. Sinto-me melhor e mais livre na atividade privada, onde sou eu que decido o que fazer e onde, quando, quanto e em que negócio investir. Estou constantemente em busca de novas alternativas de investimento, procurando novos negócios, novos desafios, criando mais empregos e ajudando o Ceará e o Nordeste a crescer social e economicamente. Acho que, como empresário, rendo mais e melhor para os estados onde atuam minhas empresas”, comentou ele.

Um dos presentes ao colóquio de ontem, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará, Amílcar Silveira, fez questão de dizer que Cristiano Maia – que é também agropecuarista – “fez bem em restringir sua atividade de político a um só mandato de quatro anos, e quem saiu ganhando com essa decisão foi a economia do Ceará, porque ele se voltou com exclusividade para a vida empresarial, criando emprego e renda”.
 
Também presentes, Raimundo Delfino, da Santana Textiles e Nova Agro, e Jorge Parente, da Alvoar (ex-Betânia), por sua vez, coincidiram ao manifestar a mesma opinião sobre Cristiano Maia. “Sua atuação empresarial e sua vida pessoal são exemplos para todos nós, empresários da agropecuária e neles nos espelhamos”, comentaram.