Uma palavra fora de hora do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi suficiente para fazer cair a Bolsa de Valores B3 e jogar o dólar para uma alta espetacular no dia de ontem.
A moeda norte-americana fechou o dia cotado a R$ 5,18, depois de haver chegado a R$ 5,21 no meio da tarde. Bom para os exportadores, péssimo para os importadores.
(A Petrobras exporta petróleo, mas importa combustíveis).
Houve duas fortes causas para esse movimento altista do dólar, a primeira das quais veio dos EUA, cuja economia segue bombando, como mostraram os números das vendas do varejo no mês de março passado, que subiram 0,7%, bem mais do que o 0,3% que esperava o mercado.
Isto é mais um argumento para que o Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, mantenha altas por mais tempo as taxas de juros da economia norte-americana, atraindo investidores que estavam aplicando seu dinheiro em mercados emergentes, como o Brasil e valorizando o dólar e desvalorizando o real.
A segunda causa, que também ajudou a derrubada da Bolsa de Valores B3 foi a entrevista que o ministro Haddad deu ao programa Estúdio I, da Globo News, durante a qual transmitiu algumas informações, duas das quais só deveriam ter sido divulgadas após as 17 horas, quando se encerraria o pregão da Bolsa de Valores B3.
Primeira informação: o ministro da Fazenda antecipou que a meta fiscal do governo para 2025 será de déficit zero. Isto significou uma surpresa desagradável para o mercado financeiro, uma vez que o próprio governo havia prometido para o próximo ano um superávit de 0,5% do PIB e não um déficit zero. Aliás, o novo arcabouço fiscal prevê que a meta fiscal do governo poderá oscilar 0,25% para cima ou para baixo, com o que, em vez de déficit zero em 2006, como ele prometeu ontem, poderá haver um déficit de 0,25%.
Haddad disse ainda que um superávit de 0,5% do PIB só será possível em 2027, mas garantiu que em 2028 esse superávit será de 1%.
Ele também anunciou que o Salário-Mínimo de 2025 será de R$ 1.502,00, uma alta de 6,37%, o que representará uma despesa para o governo de R$ 30 bilhões.
Resumindo: o ministro da Fazenda deixou claro que durante todo o mandato do presidente Lula, que se encerrará em 2026, não haverá orçamento superavitário, mas deficitário, o que já vem desde 2014. Tudo porque o seu governo continua gastando mais do que arrecada.
O mercado não gostou do que disse Fernando Hadad, e a Bolsa respondeu mantendo sua tendência de queda, fechando o dia em baixa de 0,49%, aos 125.334 pontos.
Em tempo: O preço internacional do petróleo subiu nesta terça-feira. Na Bolsa de Londres, onde se negocia o petróleo do tipo Brent, extraído no Mar do Norte e referenciado pela Petrobras, o barril está sendo vendido a US$ 90,35.
Motivo dessa alta de 0,28%: a ameaça de Israel de retaliar o Irã, ou seja, de responder ao ataque iraniano de domingo. Mas Israel só fará isso se tiver o apoio dos seus aliados EUA, Reino Unido e França.
Por este mesmo motivo, as bolsas de valores da Ásia fecharam em baixa ontem e as europeias estão abrindo também no vermelho.