Fraco desempenho da economia chinesa derruba Bolsa B3

Preço do minério cai de novo e desvaloriza ações da Vale. No Brasil, os juros futuros sobem e causa danos aos papeis das redes do varejo Renner, Casas Bahia e Magalu

Fechou em nova baixa ontem, segunda-feira, 10, a Bolsa de Valores B3, que se distanciou dos 120 mil pontos. Ela encerrou o dia com queda de 0,80%, aos 117.942 pontos. 

O dólar, por seu turno, terminou o dia cotado a R$ 4,88, com alta de 0,34%. 

 A queda da Bolsa se deu por culpa da lenta recuperação da economia da China, onde o preço do minério de ferro recuou 3,5%, levando para baixo o valor das ações da Vale, maior exportadora de minério para o mercado chinês. 

Por ordem do governo, as siderúrgicas chinesas reduziram, neste mês de julho, a sua produção de aço como forma de diminuir a poluição do ar e de combater os efeitos do forte calor que castiga o país e quase toda a Ásia, onde as temperaturas já passaram dos 40 graus.

Também pesou na queda da Bolsa brasileira a desvalorização das ações das grandes redes do varejo, como Lojas Renner, que caíram 6,46%; da Via, dona das Casas Bahia, que recuaram 3,77%; e da Magazine Luiza, a Magalu, que perderam 4,09% do seu valor. 

Essa queda das gigantes do varejo lojista tem a ver com a subida dos juros futuros e com a divulgação do Boletim Focus, que ontem trouxe as mesmas projeções da semana passada para a inflação, taxa de juro Selic e PIB, sinalizando que foi encerrada a fase de previsões de baixa da inflação.

Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo está trabalhando e continuará trabalhando para que se cumpra a meta do arcabouço fiscal, que é de zerar, em 2024, o déficit primário, para que, em 2025, seja obtido um superávit primário de meio por cento do PIB. 

O que disse o ministro não foi levado e consideração pelos investidores, e esta foi mais uma razão para a queda da Bolsa B3 no dia de ontem.

Hoje, terça-feira, será divulgada por volta das 9 horas o IPCA de junho. Trata-se do índice oficial da inflação brasileira.

Todo o mercado está apostando que o IPCA do último mês de junho virá com uma deflação, ou seja, queda dos preços.

Com efeito, em junho houve redução do preço dos combustíveis e até dos automóveis, por causa do programa de financiamento dos chamados carros populares. 

Os economistas preveem que, neste mês de julho e, mais ainda, no próximo mês de agosto, o IPCA registrará aumentos, mas nada que leve a inflação para além dos 5% no fim deste ano. 

A deflação de junho, se for mesmo confirmada, deverá ajudar o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, a iniciar em sua próxima reunião de agosto, o ciclo de redução da taxa de juros Selic, que continua no patamar de 13,75%, onde se encontra desde agosto de 2022.