Enel investirá 36 bi de euros, 19% dos quais na América Latina

O plano estratégico do Grupo Enel adotará uma linha seletiva no próximo triênio com a finalidade de maximalizar o retorno e minimizar os riscos, para o que focará os principais mercados.

Na mesma entrevista em que anunciou a decisão de suspender os entendimentos para a venda da sua Enel Distribuição Ceará, que estavam avançados com a CPFL, controlada por capitais chineses, e com a Neoenergia, controlada pela Hiberdrola (53,5%) e pelo Fundo Previ (30,3%), o CEO do Grupo Enel, com sede na Itália, Flavio Catteneo, revelou, também, que a companhia investirá, até 2026, a montanha de 36 bilhões de euros em projetos, principalmente, de energias renováveis.

Esses investimentos – que fazem parte do Plano Estratégico da empresa para 2024-2026 – serão 49% concentrados na Itália, 25% na Península Ibérica (Portugal e Espanha, onde é dona de 70% da Endesa), 19% na América Latina (Brasil no meio) e 7,5% na América do Nordeste, incluindo os EUA.

De acordo com Catteno, o objetivo do plano é tornar a Enel uma organização “mais magra”, flexível, resiliente e bem-posicionada para enfrentar os desafios do futuro.

Ele disse que a Enel adotará uma linha seletiva no próximo triênio com a finalidade de maximalizar o retorno e minimizar os riscos, para o que focará os principais mercados, “implementando estratégias integradas, visando redes, energias renováveis, bem como a criação de valor no segmento de clientes por meio de ofertas comerciais agregadas”, disse ele, acrescentando:
“A disciplina financeira será a pedra angular da nossa estratégia”.

A Enel tem na Itália um centro de pesquisa e um polo de produção de equipamentos de geração de energia solar que estuda sobre a instalação de parques solares em áreas degradadas, como as do semiárido do Ceará. Os italianos, quem sabe, podem desistir de vender sua empresa cearense e usá-la para, também, implementar projetos consorciados de energia solar fotovoltaica com empreendimentos da hortifruticultura ou da oninocaprinocultura. 

A presidente da Enel Ceará, engenheira Sandra Márcia Roque, recebeu, em meados deste ano, consultores interessados no desenvolvimento desse projeto. 

A Enel Ceará é hoje foco de interesse de duas gigantes do setor elétrico -- a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e a Neoenergia. Os ativos da Enel no Ceará são estimados em R$ 8,5 bilhões. Agora, ao suspender as negociações que vinham sendo feitas há quase um ano para a venda de seu braço cearense, o Grupo Enel transmite a impressão de que tem novos planos para a Enel Ceará.