Expande-se a tecnologia da Cultura Protegida no Ceará, que já é hoje, na Chapada da Ibiapaba, crescente foco de investimento de grandes e pequenas empresas privadas e, também, de pequenos produtores de frutas e hortaliças.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, e o secretário Executivo da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do governo do estado, Sílvio Carlos Ribeiro, não têm dúvida de que o agro cearense descobriu mais um bom e seguro negócio.
Só a Rosas Reijers, em São Benedito, já instalou quase 80 hectares de estufas, sob as quais planta e colhe flores – rosas, entre elas – que são consumidas pelo mercado interno brasileiro.
A Itaueira Agropecuária, por sua vez, tem área superior a 15 hectares, também em São Benedito, ocupada com estufas que protegem seu cultivo de pimentões coloridos, cuja produção também se destina ao mercado interno, principalmente ao da região Sudeste.
Teodoro Swarts, um pequeno produtor rural do município de Ubajara, na serra ibiapabana, cultiva sob estufas rosas e pitaia em uma área de 4 hectares, que está, neste momento, sendo duplicada para atender à demanda.
Ao lado de suas estufas, ele constrói um gigantesco tanque a céu aberto, com piso e paredes revestidos de manta asfáltica, no qual acumulará 5,3 milhões de litros de água captados da chuva e de um riacho que corre na temporada chuvosa.
Previdente e inteligente, Teodoro também colhe a água da chuva que cai sobre a coberta de suas estufas e a encaminha para um conjunto de cisternas, que, na época de estio, serve para irrigar – por gotejamento – as culturas protegidas de rosas e pitaia.
Admirador desse pequeno produtor de Ubajara, o consultor em agropecuária Zuza de Oliveira diz à coluna que na região do semiárido cearense – onde estão mais de 80% da geografia do Ceará – “toda propriedade rural deveria captar água da chuva nos telhados das casas, dos galpões de criação e em todo o lugar possível, como se faz na Índia, em Israel e em outros países”.
Na opinião de Zuza de Oliveira, a Chapada da Ibiapaba será, em pouco tempo, “a Almeria nordestina”, numa referência à região espanhola de Almeria, onde praticamente toda a agricultura é desenvolvida sob estufas.
“Essa tecnologia já está sendo socializada na Ibiapaba, e o sucesso é tão grande que agora o esforço de todos, inclusive do governo estadual, deve ser no sentido de atrair bons produtores para uma atividade que – por ser prática, barata e efetiva – pode dar novo rumo à economia daquela região do Ceará”, como diz o consultor.
Ele conclui, filosofando:
“Para um produtor resistente a mudanças, o melhor livro e o curso mais eficiente são os exemplos de sucesso de um vizinho”.