Nunca, como ontem, tocaram tanto o telefone fixo da Faec – a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará – e o celular do seu presidente, Amílcar Silveira. Centenas de pecuaristas de todas as regiões do estado celebraram com a liderança de sua entidade a grande e tão sonhada vitória.
Pela Portaria 678, do Ministério da Agricultura, publicada na edição de quinta-feira, 2 de maio, toda a geografia do Estado do Ceará é, agora, zona livre da febre aftosa SEM VACINAÇÃO, assim mesmo em caixa alta, para demonstrar quanto crucialmente era importante alcançar esse objetivo.
Em verdade, em verdade, esta coluna afirma, com base em todos os depoimentos que ouviu de pecuaristas de todos os portes: faz muito tempo, e bote muito tempo nisso, o Ceará não registra um caso de febre aftosa no seu rebanho bovino e bubalino.
Luís Girão, maior produtor cearense de leite de vaca, disse ontem – após tomar conhecimento da Portaria do Mapa – o que se segue:
“Eu me lembro que, 40 anos atrás, meu pai, lá em Maranguape, me mostrou uma vaca com aftosa. Foi a última e única vez que ouvi falar dessa doença. E não é só aqui, não. Noutros estados do Nordeste, como o Rio Grande do Norte e as Alagoas, também não há registro de aftosa. Então, eu pergunto: por que demorou tanto o Ministério da Agricultura para nos considerar uma zona livre da febre aftosa? Reconheço e entendo que as autoridades responsáveis pela boa saúde animal têm mesmo de ser austeros no desempenho de sua missão, mas já era sabido havia dezenas de anos que não tínhamos, como não temos, casos de aftosa. Mas tudo agora está resolvido. Vamos em frente!”
Cristiano Maia, que cria bois e vacas em suas fazendas no Vale do Jaguaribe, concorda com Luís Girão e acrescenta outro argumento:
“Hoje, a criação de gado bovino é bem diferente daqueles tempos de antigamente. O rebanho é quase todo confinado, tem alimentação saudável, e mesmo o gado que é criado em pasto livre recebe boa atenção do criador. Para acontecer um caso de febre aftosa não só no Ceará, mas em qualquer estado brasileiro, será preciso que se registre uma hecatombe”, disse ele.
Por sua vez, Fernando Franco, que tem um pequeno rebanho bovino leiteiro em sua fazenda em Redenção, manifestou sua alegria com a decisão do Ministério da Agricultura, que na sua opinião foi sensata e com certeza levou em conta as condições em que hoje opera a pecuária cearense e nordestina.
“Agora, oficial e nacionalmente reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o Ceará pode vender e comprar animais de outros estados, e isto é bom para quem faz regularmente esse comércio. Teremos, enfim, livre trânsito dos rebanhos bovinos e bubalinos pelas divisas dos estados nordestinos. Estamos todos de parabéns, especialmente a Faec, cujo presidente Amílcar Silveira empreendeu um esforço digno de nota para que essa conquista fosse possível”, disse Fernando Franco.
O presidente da Faec, Amílcar Silveira, fez questão de citar a Agência de Defesa da Agropecuária (Adagri), como uma parceira importante dessa conquista:
“A Adagri, seu presidente Elmo Aguiar e sua equipe de técnicos nos ajudaram bastante, executando as tarefas que lhes cabiam executar. Estamos todos de parabéns. Mais uma vez, a força do agro cearense mostrou-se eficaz no objetivo de dar prestígio à economia primária do Ceará. Congratulo-me com milhares de grandes, médios e pequenos pecuaristas cearenses que trabalham permanentemente para manter o nosso estado entre os primeiros da agropecuária. Vamos celebrar essa conquista na nossa Pecnordeste, que será realizada nos dias 6, 7 e 8 do próximo mês de junho, no Centro de Eventos do Ceará”, afirmou Amílcar Silveira.
Ontem, o presidente da Adagri, Elmo Aguiar, transmitiu para todos os seus servidores a seguinte mensagem:
“Amigo Servidor/Colaborador da Adagri: No último dia 15 de abril recebemos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a missão de vacinar todo o rebanho cearense, cerca de 2,8 milhões de animais, contra a febre aftosa, em um curto período de 15 dias. Só assim poderíamos iniciar o processo para sermos reconhecidos como um estado Livre de Febre Aftosa sem Vacinação.
“Aos olhos de muitos parecia ser impossível alcançar o feito, mas para nós, que fazemos a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), desistir não era uma opção. O desafio foi aceito.
“E nesta quarta-feira, 1, recebemos a grande notícia de que o trabalho que já fazemos há 21 anos foi reconhecido pelo Mapa. O Ceará recebeu o tão almejado status Livre de Febre Aftosa sem Vacinação, conforme a Portaria Mapa Nº 678, de 30 de abril de 2024.
“Fica aqui o meu agradecimento pessoal pelo empenho e dedicação de cada um de vocês, servidores e/ou colaboradores da nossa Agência, que se dedicaram incansavelmente nestes curtos 15 dias decCampanha.
“Vencemos essa etapa. Agora seguimos para cumprir todos os outros pontos estabelecidos pelo Mapa, para que em 2025 possamos ser reconhecidos internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como um estado Livre de Febre Aftosa sem Vacinação. Obrigado e vamos à luta!”