Ceará pede água ao MDR, mas Chesf manda 4 mil m³/s para o mar

O Ministério do Desenvolvimento Regional mantém suspenso, desde setembro, o bombeamento das águas do S. Francisco para o Ceará. E mais 1) Faec e Prefeituras unidas contra lácteos clandestinos; 2) Crescem investimentos diretos na China

Empresários cearenses da indústria e da agropecuária tomaram conhecimento, ontem, de uma informação oriunda da Chesf, segundo a qual a barragem de Sobradnho, cujo volume se aproxima dos 60% de sua capacidade de armazenamento, poderá liberar, no próximo dia 20, até 4 mil m³ por segundo, se a afluência seguir a curva de crescimento por causa das chuvas que desabam sobre as cabeceiras do rio São Francisco e de seus afluentes.

Serão 4 mil m³/s que serão jogados no mar. O Nordeste Setentrional, onde está o Ceará, precisa das águas do Projeto São Francisco e, ao vê-las ser despejadas no oceano, revolta-se.

Diante dessa otimista perspectiva antecipada pela Chesf, o empresariado cearense dirige uma pergunta ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), cujo titular, Rogério Marinho, goza merecidas férias: 

Por que manter suspenso o bombeamento das águas do Projeto São Francisco para o ramal cearense do seu Canal Norte? Hoje, toda a água bombeada, em volume estimado em 20 m³/s, estão sendo desviadas para a Paraíba e o Rio Grande do Norte.

Atentem para o que diz a Carta Circular SOO-004-2022 da Chesf, datada de 11 deste mês:

“Tendo em vista que a Bacia do Rio São Francisco vivenciou um longo período de baixa hidraulicidade e que vazões liberadas do Reservatório de Sobradinho da ordem de 4.000 m³/s não são desde o ano 2009, é fundamental chamar atenção para a importância da não ocupação de áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio, haja vista o período úmido em curso e a possibilidade de elevação das vazões para valores acima de 4.000 m³/s, a depender da evolução do quadro de chuvas na Bacia. Importante destacar que a vazão de restrição no Vale é de8.000 m³/s”.

De acordo com a programação da elevação gradual das defluências para a barragem de Sobradinho, amanhã, sexta-feira, dia 14, o volume liberado será de 1.800 m³, ou seja, 500 m³ a mais do que o volume liberado ontem, 12.

O que preocupa e – mais do que isso – irrita e até revolta os empresários cearenses, principalmente os da agropecuária, é a insistência do MDR em manter suspenso o bombeamento para o Ceará.
 
Esta coluna repete: todos os 20 m³/s bombeados hoje pela Estação Elevatória de Salgueiro para a barragem do Jati, no Sul do Ceará, estão sendo desviados para a Paraíba e o Rio Grande do Norte, que é terra natal e base política do ministro Rogério Marinho, pré-candidato a governador do vizinho estado. 
 
Este é o momento ideal para a retomada do bombeamento para o Ceará, porque o rio Salgado, por cujo leito as águas do São Francisco viajam para o açude Castanhão, está descendo com enchente. Isto significa que a viagem das águas será acelerada, pois não haverá perdas por infiltração. 

É uma questão de bom senso. Ou há outra razão?

SINDIPOSTOS REELEGE NOVAIS

Ganhou mais um mandato de quatro anos (2022-2026) o atual presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), Manuel Novais Neto.

Seus vice-presidentes serão Paulo Sérgio Vasconcelos Pereira e Luiz Vicente Sales Pereira.

A posse de Novais e de sua diretoria será no próximo fevereiro.

CAMPANHA CONTRA LÁCTEOS CLANDESTINOS

Juntaram-se a Federação da Agricultura do Ceará (Faec) e os prefeitos do Sertão Central e do Centro-Sul num esforço único: pressionar as autoridades do Palácio da Abolição no sentido de proibir a entrada no Estado de produtos lácteos, principalmente queijos, de origem suspeita, sem qualquer fiscalização fitossanitária e, ainda, sem o pagamento de impostos.

Ontem, o prefeito de Senador Pompeu, Antônio Maurício Pinheiro Jucá, em nome dos seus colegas e da Aprece (Associação dos Prefeitos do Ceará), gravou e publicou, pelas redes sociais, um vídeo em que, ao lado do presidente da Faec, Amilcar Silveira, faz um apelo pela proibição da entrada, comercialização e consumo de produtos cuja origem e sanidade são suspeitas.

Amílcar Silveira sugere que a Secretaria de Agricultura, a Adagri e a Vigilância Sanitária “coíbam, neste momento, a entrada desses produtos que não servem, inclusive, para o consumo humano”.

O prefeito de Senador Pompeu assegurou que os prefeitos estão unidos à Faec no esforço de sensibilizar o governo cearense a proibir a entrada “desses produtos que vêm de outros estados e que, sem qualquer fiscalização, prejudicam os nossos produtores e ameaçam a saúde dos cearnses”.

Antônio Maurício Pinheiro Jucá sugere que as secretarias da Fazenda e da Segurança Pública sejam também engajadas nesse esforço de “proibir a entrada clandestina de produtos lácteos de outros estados”. 

INVESTIMENTOS DIRETOS NA CHINA

Informa o governo chinês, segundo divulga o Global Times, um dos grandes jornais da China:

Os investimentos diretos estrangeiros no país alcançaram, em 2021, a marca de US$ 173 bilhões.

Outra informação: o preço dos produtos alimentícios chineses subiram, no ano passado, apenas 0,9%.

Como lá tudo é estatal, inlusive o organismo responsável pelas estatísticas oficiais, e não há oposição, as informações não podem ser contestadas.