Mais um dia ruim para o mercado financeiro. Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou novamente em queda de 1,71%, aos 103.539 pontos. E o dólar manteve-se praticamente estável, fechando o dia cotado a R$ 5,31.
A queda do Ibovespa teve uma causa: o anúncio da escolha de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES, confirmada depois do encerramento do pregão pelo próprio presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que disse o seguinte:
“Acabou o tempo das privatizações. Já privatizaram tudo.”
Lula disse mais: “Quem quiser vir ao Brasil, venha, mas não venha para comprar empresas públicas brasileiras porque elas não estão à venda”.
Durante a tarde, com Mercante anunciado para o BNDES, o mercado reagiu negativamente, e a cotação das ações das principais empresas brasileiras caíram, inclusive as da Petrobras e as do Banco do Brasil.
As estatais brasileiras, que viveram no prejuízo durante os governos de Lula e de Dilma Roussef, tornaram-se superavitárias no atual governo, que colocou na gestão delas profissionais do mercado.
Agora, essas estatais correm o risco de ser outra vez dirigidas por indicados pelos partidos políticos. Isto quer dizer que poderão voltar ao prejuízo, obrigando o Tesouro Nacional a financiá-las, o que causará o aumento da dívida pública e, consequentemente, dos gastos com o pagamento de juros.
Para completar o conjunto de más notícias de ontem, a Câmara dos Deputados aprovou à noite, às pressas, proposta de modificação da chamada Lei das Estatais, que hoje proíbe, por 36 meses, a indicação – para a presidência ou diretoria de empresas estatais – de pessoas que tenham participado da estrutura organizacional e da execução de campanhas eleitorais.
É o caso de Aloizio Mercadante, que foi um dos coordenadores da recente campanha do eleito presidente Lula.
A proposta de emenda da Lei das Estatais – logo denominada de Emenda Mercadante -- reduziu para apenas 30 dias esse tempo de quarentena. Assim, Aloízio Mercadante estará livre, em janeiro, para assumir a presidência do BNDES.
Mas veio uma boa notícia de Brasília: o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ontem dois dos seus secretários:
O primeiro anunciado foi o do economista Gabriel Galípolo, que será o secretário executivo da pasta, uma espécie de vice-ministro.
O segundo foi o do também economista Bernard Appy, que será o secretário especial para a Reforma Tributária.
Appy é o autor da proposta de reforma tributária que tramita no Congresso Nacional e que, agora, deverá ganhar velocidade, esperando-se que ela seja aprovada até abril do próximo ano.
Hoje, quarta-feira, 14, na abertura do pregão da Bolsa de Valores, saberemos de que maneira reagirá o mercado diante da confirmação de Mercadante no BNDES e da declaração de Lula, segundo a qual o tempo das privatizações acabou.