Ouve-se de engenheiros brasileiros, os do Ceará no meio, que o MIT – Massachussetts Institute of Technology – é a melhor escola de engenharia e tecnologia do mundo. Devem ter razão: no MIT estudaram mais de 100 ganhadores do Prêmio Nobel.
E mais: o MIT seria o nono PIB mundial se fossem somadas as receitas de todas as empresas criadas por seus alunos. A Intel, gigante planetária da fabricação de chips, foi criada por Robert Noyce, doutor pelo MIT em 1953.
Segundo os brasileiros que estudaram ou estudam lá – os cearenses no meio, de novo – o segredo do MIT está no seguinte detalhe: a maioria dos seus alunos reside no próprio campus, localizado na agradável e bela cidade de Cambridge, na mesma geografia onde está também endereçada a Harvard University, na Região Metropolitana de Boston, no estado de Massachussets.
Ou seja, eles moram no campus em cujos alojamentos aprendem a trabalhar em equipe, a respeitar os colegas. É lá que fazem network que vai durar para o resto de suas vidas. Boa parte das empresas criadas pelos alunos do MIT foi concebida e gestada dentro dos dormitórios – é o que esta coluna colheu de grupos sociais na internet, integrados por engenheiros ex-alunos do MIT.
Nesses mesmos grupos, apura-se que foi visitando o MIT que o cearense Casimiro Montenegro Filho se inspirou para a fundação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica – o famoso ITA – trazendo um professor norte-americano para ser seu primeiro reitor: Richard Smith, do Aero Astro Department. Montenegro também trouxe a ideia de colocar 100% dos alunos do ITA residindo no seu campus.
Hoje, o que chama atenção é o fato de que, depois de 70 anos da criação do ITA, só agora essa ideia deverá ser replicada na futura e nova unidade dessa escola de engenharia e tecnologia, já em construção em Fortaleza. Felizmente, na raiz da proposta de criação do ITA no Ceará, foi enxertada, também, a semente da ideia de incluir moradia para 100% dos seus alunos.
O homem inteligente é o que sabe apropriar-se, corretamente, das boas iniciativas existentes, e esta de fazer residir no campus os alunos da futura unidade do ITA em Fortaleza – e a primeira fora da geografia de São José dos Campos – é louvável sob todos os pontos de vista. Será o “plus” a incentivar os jovens aprovados no severíssimo exame vestibular do ITA.
A tradicional e crescente presença da juventude cearense, compondo anualmente boa parte do time de aprovados nos exames de admissão ao ITA em São José dos Campos, foi o forte argumento de que lançou mão o Comando da Aeronáutica para aceitar a sugestão de abertura de sua unidade nordestina. E não haveria mesmo outro lugar para albergá-la que não a cidade de Fortaleza, a mesma em que nasceu Casemiro Montenegro Filho.
Há uma enorme expectativa em torno do primeiro vestibular para o “ITA do Ceará”, previsto para o fim deste ano. Sua primeira turma começará seus estudos no campus de São José dos Campos, adaptando-se à rigidez dos cursos e, também, à agradável convivência social interna.
O aluno de engenhara ou de tecnologia do ITA é submetido a uma dura carga horária de aulas teóricas e práticas, o que exige muito esforço e extremada dedicação que sempre são premiados antes mesmo de sua conclusão, quando seus melhores alunos recebem propostas de emprego de grandes empresas nacionais e estrangeiras.
Exemplo: os engenheiros da Embraer e da Casa dos Ventos são recrutados diretamente no ITA, o que quer dizer que têm DNA de genialidade.
Se o futuro da economia do Ceará já era promissor, imagine como ele será com a muito próxima chegada do ITA e do seu time de grandes professores.
MEMÓRIAS DE RAIMUNDO PADILHA
Na próxima terça-feira, 23, às 29 horas, no auditório da antiga Bolsa de Valores do Ceará, na Avenida Dom Manuel, 1020, dia 23, haverá o lançamento do livro “Contações das minhas memórias”.
Autor: Raimundo Padilha, uma enciclopédia que guarda a história dos últimos 80 anos da economia do Ceará. Imperdível.