O que fazer quando o liderado se opõe à minha liderança e influencia negativamente a equipe?

Algum integrante da sua equipe se opõe a sua liderança? Isso é mais comum do que você imagina! Muitos líderes remam em direção ao objetivo, enquanto outros colocam obstáculos no caminho ou remam na direção contrária. Isso pode acontecer quando o liderado não tem vínculo com o propósito da organização; e/ou não sabe o que deseja para a sua carreira; não confia no seu gestor ou não reconhece o líder como alguém realmente capaz de está onde está. Vamos entender?

Sou mentora de líderes e gestores há mais de quinze anos. Ao longo deste tempo, ouvi muitas queixas relacionadas a liderados que jogam contra o líder e influenciam negativamente os demais colegas de trabalho. Esse cenário prejudica o clima organizacional, compromete o alcance de resultados e, porque não afirmar, afeta o nível de energia e motivação do líder.

Vários elementos colaboram para que um liderado adote um comportamento de resistência, mas, nenhum deles, justifica o exercício de uma má influência junto aos colegas de equipe. Afinal, a percepção do indivíduo está relacionada as suas necessidades e interesses, e é injusto impor os mesmos fatores motivadores aos demais.

Mas, se isso acontece, de quem é a “culpa”? Pode ser do líder e/ou do liderado ou de ninguém. Vou esclarecer.

Alguns comportamentos do líder podem criar um clima de oposição, tais como:

  • Falta de transparência na comunicação – os liderados se sentem confusos, pressionados e perdidos. Não entendem os objetivos de suas entregas e muito menos o impacto de suas atividades nos resultados organizacionais.
  • Parcialidade na avaliação de desempenho – o desempenho deve ser avaliado com base em fatos, dados e critérios claros. Ter um “queridinho” na equipe é perigoso, principalmente se ele não entregar resultados relevantes para a empresa. Pense nisso!
  • Não agir em convergência com o seu discurso – esqueça a máxima “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.” O exemplo arrasta multidões! Um discurso bonito e bem articulado não é o suficiente para criar credibilidade.
  • Falta de clareza com relação aos resultados esperados – mudar as regras do jogo a cada instante e/ou criar metas que ninguém entende cria um ambiente de ansiedade e insegurança. Saber explicar os porquês é de suma importância para que a equipe confie na capacidade do líder.

Ou ainda...

  • Se comportar como “chefe” – esse tópico dispensa comentários! Centralizar demais as informações; mandar; impor suas vontades ou, ainda, se colocar como o centro das atenções, arruína qualquer equipe. Nesse ambiente, a oposição tende a ser unânime.

Alguns elementos podem explicar o comportamento de oposição do liderado. São eles:

  • Falta de autorresponsabilidade – algumas pessoas se colocam com frequência na posição de vítima; focam sempre o problema; e estão eternamente frustradas e tristes com o seu entorno. Autorresponsabilidade é a capacidade de assumir os “riscos” de viver, assumir o controle do que acontece na sua jornada. Nem todos conseguem fazer isso e, sendo assim, é mais cômodo culpar a empresa, o líder, o tempo, a sorte....
  • Falta de um objetivo claro de carreira – digo com frequência aos meus mentorados que eles não trabalham para a empresa, e sim, para eles. Um profissional que sabe aonde deseja chegar e luta por isso, certamente, vai manter uma postura ética onde quer que esteja.
  • Falta de convergência com a cultura organizacional – muitos liderados não se identificam com a proposta de valor do negócio e muito menos com os valores que orientam o convívio no ambiente de trabalho.
  • Almejar ser o gestor da área – um liderado que acredita ter “todos” os atributos necessários para atuar como gestor e ser a pessoa mais indicada para ocupar o cargo terá dificuldades em aceitar qualquer pessoa. Esse cenário fica ainda pior quando as expectativas de uma promoção foram alimentadas pela empresa.
  • Ser liderado por um ex-colega de equipe – alguns membros do time alimentarão a expectativa de que suas principais demandas sejam finalmente atendidas. Outros pagarão para ver! O fato é que qualquer movimento que não atenda aos anseios da maioria pode gerar questionamentos. Leia:

E quando não é “culpa” de ninguém?

Alguns comportamentos são resultados de questões mais profundas e que, muitas vezes, são inconscientes. Mesmo fazendo a sua parte como líder-gestor, nem tudo dependerá somente de você, uma vez que o liderado precisa ter consciência do próprio comportamento e dos impactos gerados na equipe, para que, assim, “queira” mudar genuinamente.

O que fazer para lidar com um liderado que se opõe a sua liderança e influencia negativamente a equipe?

  1. Tente manter o seu equilíbrio emocional olhando a situação de “fora”. Este tipo de situação é estressante e muitas vezes nos sentimos impotentes para resolvê-la. Quanto maior o envolvimento emocional, maiores os danos gerados à sua saúde mental e, consequentemente, a sua produtividade.
  2. Diagnostique as causas! Algumas perguntas são importantes para iniciar o mapeamento: o liderado sempre foi assim ou mudou em algum momento? Se mudou, o que exatamente aconteceu que gerou a mudança? Em quais situações essa oposição é mais forte? Como essa postura se manifesta? Que evidências você tem de que o liderado está influenciando os outros negativamente?
  3. Não se afaste do liderado. Traga-o para perto, pois esse é o caminho mais seguro. Além inibir alguns comportamentos, esse movimento demonstrará que ele não o incomoda, muito pelo contrário.
  4. Deixe claro para a equipe os resultados esperados e o porquê de eles serem importantes; os critérios que serão utilizados na avaliação de desempenho; e dê feedback constante. Além disso, esteja aberto para receber feedback. Não desconsidere o que o liderado tem a dizer. Se você quer ser ouvido como líder, precisa ouvir e ser empático.
  5. Delegue atividades desafiadoras e que estejam alinhadas com o potencial do liderado. Isso o manterá motivado e com sentimento de pertencimento em algo maior. Acompanhe o desempenho e valorize as conquistas dele.
  6. Exponha os impactos que a postura do liderado trará para a equipe. Apresente evidências, fatos que comprovem a sua percepção. Se o liderado não mudar depois de alguns feedbacks, verifique se há possibilidade de remanejá-lo para outra equipe e/ou, em último caso, considere um possível desligamento.

Importante:

O lado positivo de uma oposição a sua liderança é a oportunidade de reavaliar suas práticas e evoluir. O fato de ser um líder-gestor não o faz perfeito em tudo. Às vezes, situações como esta nos acorda e nos impulsiona. Seja humilde e flexível para encarar que você pode estar errado. Admitir que somos falíveis é um ato de grandeza.

Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu Instagram: @delaniasantoscoach

Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima!

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.