A Síndrome de Boreout, também conhecida como a Síndrome do Tédio ou do Aborrecimento, tira o entusiasmo e o prazer de atividades cotidianas e pode prejudicar a saúde mental dos profissionais. Este estado de enfado vê o ócio como um grande problema. Vamos entender?
A rotina de trabalho pode ser um desafio para muitos, mas enquanto alguns enfrentam estresse e sobrecarga, outros sofrem com a falta de estímulo e com a monotonia. A síndrome de Boreout, ou síndrome do tédio no trabalho, é um problema que tem ganhado mais atenção nos últimos anos.
Diferentemente da Síndrome de Burnout, que é causada pelo excesso de trabalho, o Boreout é resultado da subutilização das habilidades do trabalhador, com tarefas simples demais ou volume de trabalho aquém de sua capacidade, levando-o ao tédio e à desmotivação.
A Síndrome de Boreout é caracterizada por um estado de tédio crônico, desinteresse e falta de estímulo no ambiente de trabalho. Esse estado de apatia pode gerar sentimentos de insatisfação, frustração, transtornos de ansiedade e até depressão.
Nesse sentido, os gestores de recursos humanos e líderes devem pensar em estratégias de prevenção que envolvem planos de carreira mais bem definidos; processo de avaliação de desempenho transparente; programas para formação de sucessores; entre outros.
Quais são as causas e os sintomas da Síndrome de Boreout?
Identificar a Síndrome de Boreout pode ser complicado, pois seus sintomas são frequentemente confundidos com a preguiça ou a falta de comprometimento, o que representa um grande desafio para os líderes.
Para ter mais clareza da situação, o líder precisa conhecer muito bem seus liderados, sua história profissional, sua capacidade técnica, acompanhar de perto suas entregas, ter abertura para dar e receber feedbacks e ser ‘walk the talk’ (fazer o que fala, ser coerente em suas atitudes).
Somente assim, será possível perceber que há uma distorção entre capacidade e o que foi atribuído ao colaborador. É essencial que os líderes sejam transparentes e alinhem, continuamente, as expectativas com suas equipes e, quando necessário e possível, ajustem as demandas e as exigências para maior satisfação e rendimento dos colaboradores.
Essa situação pode ocorrer também quando o profissional aceita trabalhar em uma posição inferior ao que ele está preparado para assumir. Certamente, ele terá mais dificuldade de se sentir satisfeito em um trabalho que não o estimule a usar os conhecimentos construídos ao longo das formações.
Com o tempo, se não houver crescimento profissional, o tédio crônico e as dúvidas sobre a carreira podem surgir.
Quais são as causas mais comuns?
- Ambientes tóxicos - líderes muito centralizadores, que não delegam atividades importantes para os colaboradores, criam uma atmosfera laboral tóxica. Além disso, situações de abuso de autoridade, comunicação violenta e falta de reconhecimento são causas potenciais para o Boreout.
- Falta de perspectiva - a escassez de um plano de carreira, de metas e de objetivos dentro do trabalho é fator que predispõe a um ócio causador de sofrimento dentro do ambiente de trabalho.
- Frustração de expectativas - antes de ser contratado, todos os colaboradores criam expectativas acerca da empresa e do cargo a ser ocupado. Muitas vezes o que é divulgado difere do que realmente acontece no ambiente organizacional.
- Clima Organizacional - o funcionário tem uma percepção negativa sobre a empresa na qual trabalha, reflexo do nível de seu bem-estar no ambiente e como vê as ações que ela promove e/ou como trata os seus colaboradores.
Quais são os sintomas da Síndrome de Boreout?
A maneira mais eficaz para criar estratégias de prevenção é capacitar os líderes para identificar precocemente os sintomas para intervenção imediata. Alguns sintomas envolvem:
- Fadiga física e mental: mesmo com pouca carga de trabalho, o tédio pode causar fadiga física e mental, tornando difícil a concentração.
- Falta de engajamento: o funcionário sente que o trabalho é monótono e sem sentido, levando-o a uma desconexão emocional de suas tarefas.
- Procrastinação excessiva e dificuldade de concentração: adiar tarefas simples ou procrastinar constantemente pode ser um sinal de falta de estímulo e de interesse.
- Queda de produtividade: a falta de desafios e de perspectivas pode fazer com que o trabalhador realize suas tarefas de forma mais lenta, resultando em baixa produtividade.
- Falta de satisfação pessoal: sentir-se subestimado ou desvalorizado no trabalho pode levar a uma profunda insatisfação pessoal e profissional, além de queda na autoestima.
Como lidar com a Síndrome de Boreout?
Reconhecer os sinais e tomar medidas para combater o tédio no trabalho é essencial para prevenir transtornos psicológicos e garantir um ambiente de trabalho saudável e satisfatório. Se você acredita que está sofrendo com a Síndrome de Boreout, há algumas estratégias que podem ajudar:
- Assuma que essa condição está afetando você! Deixe o preconceito de lado e cuide da sua saúde mental. Você é importante!
- Busque apoio psicológico: se o tédio no trabalho estiver afetando sua saúde mental, considere buscar a ajuda de um profissional.
- Solicite feedback ao seu gestor e exponha as suas preocupações. Muitas vezes, uma mudança nas responsabilidades ou o envolvimento em novos projetos pode ajudar a recuperar o interesse e a motivação.
- Procure por desafios: tente encontrar aspectos do seu trabalho que possam ser melhorados ou explore novas áreas de interesse dentro da sua função.
- Invista em desenvolvimento pessoal: participe de cursos e workshops que possam expandir suas habilidades e abrir novas oportunidades no trabalho.
A Síndrome de Boreout pode ser tão perigosa quanto o Burnout, e não pode ser confundida com falta de comprometimento, ‘mi, mi, mi’ ou preguiça. As empresas precisam desenvolver estratégias de prevenção para evitar o surgimento dessa condição, garantindo não apenas a saúde mental dos colaboradores, mas também sua vantagem competitiva.
Medidas como pesquisa de clima organizacional, planos de carreira, avaliação de desempenho transparente, ciclos de feedback humanizados, promoção de oportunidades de desenvolvimento, iniciativas para tornar o ambiente mais leve e agradável e políticas de reconhecimento e recompensa, entre outras, não só demonstram respeito pelo colaborador, mas também fomentam a valorização das pessoas, a felicidade e o bem-estar. Afinal, empresas são formadas por pessoas!
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.