O dilema do novo gestor, desafios e tensões no ambiente de trabalho

Já atuei em instituições públicas e privadas, e um dos momentos mais estressantes para as equipes, sem dúvida, é a mudança de gestor. Essa é uma mudança que traz instabilidade emocional para os integrantes do time, cria um ambiente inseguro e põe em dúvida a continuidade do status da equipe. Para o novo líder, também um dilema! Manter o time ou propor mudanças e formar a própria equipe? Neste texto, exploraremos os diferentes aspectos desse fenômeno e como líderes e profissionais devem lidar com essas mudanças.

A chegada de um novo líder pode desencadear uma gama de emoções nos profissionais, desde o entusiasmo e o otimismo até o medo e a ansiedade. Quando um novo gestor assume, uma série de emoções e preocupações emerge, desencadeando uma batalha interna que pode afetar tanto o desempenho individual quanto o coletivo. Muitos se perguntam como será trabalhar com alguém com quem não tem familiaridade, se suas habilidades e conquistas serão reconhecidas e valorizadas pelo novo gestor e até se ele trará os seus “profissionais de confiança”.

No geral, os profissionais não estão necessariamente equivocados ao terem essas percepções. Muitos gestores acreditam que, ao assumirem um cargo, precisam reformular a equipe para trazer seus próprios colaboradores, seja porque consideram a equipe atual como leal ao líder anterior ou porque desejam assegurar que sua abordagem de trabalho seja implementada de forma mais eficaz. Essas crenças podem conter alguma verdade, mas também podem ser baseadas em suposições. Portanto, agir com prudência, imparcialidade e profissionalismo é o caminho mais sensato. Por outro lado, a equipe que está recebendo um novo membro deve evitar se apegar à lealdade ao líder anterior, cessar as comparações e interromper as especulações sobre as decisões da empresa. Em vez disso, acolher, permitir-se compreender e conhecer o novo integrante, é a abordagem mais construtiva.

Então, o que fazer? Como agir para uma transição bem-sucedida?

Recomendações para o novo gestor

Ao chegar à “casa” de alguém, normalmente respeitamos o ambiente do anfitrião. Na empresa não é diferente! É muito importante fazer a leitura da cultura, entender o que ela diz e orienta, até porque, para algumas empresas, por exemplo, demissão é aderida em última instância. Conhecer a cultura e os integrantes do time, entender a estratégia e como as coisas são feitas, vivenciar a rotina e seus desafios, avaliar os resultados qualitativos e quantitativos, para depois sugerir as mudanças necessárias para os objetivos almejados, é a trilha do sucesso para esse momento organizacional.

Ser um líder-gestor efetivo requer muito mais que a competência técnica, exige entender os desafios que compõem uma transição. Alguns deles:

Desafios de adaptação: a adaptação a um novo estilo de liderança e às expectativas do novo gestor pode ser um processo complicado. Profissionais acostumados a uma certa dinâmica de trabalho podem sentir dificuldades em se ajustar a mudanças repentinas no modo como as coisas são feitas. Além disso, a introdução de novas políticas, procedimentos ou prioridades pode exigir que os profissionais repensem suas estratégias e métodos de trabalho, o que pode ser desconfortável e desafiador, principalmente se essas mudanças forem impostas. Para que novos métodos sejam implementados com sucesso, é importante que o líder se comunique com assertividade e constância para que a equipe entenda a importância e o impacto de cada um deles.

Conflitos de lealdade: um dos dilemas mais comuns que os profissionais enfrentam durante a transição de liderança é o conflito de lealdade. Muitas vezes, os profissionais desenvolvem fortes laços com seus antigos gestores e se encontram divididos entre sua lealdade ao antigo líder e a necessidade de se adaptar e apoiar o novo. Essa divisão pode criar tensões dentro da equipe e prejudicar a coesão e a colaboração. O caminho é demonstrar respeito pelo que foi construído pelo gestor anterior e conversar sobre isso abertamente e sem melindres. Com isso a equipe se sentirá mais confortável para acolher o “novo”.

Resistência a mudanças: a resistência à mudança é outra questão significativa que surge durante a transição de liderança. Alguns profissionais podem resistir ativamente às mudanças propostas pelo novo gestor, sentindo-se desconfortáveis com a ideia de abandonar práticas familiares ou temendo os impactos desconhecidos das mudanças. Essa resistência pode dificultar a implementação eficaz de novas políticas ou iniciativas e prolongar a turbulência durante o período de transição. Parto da máxima de que as pessoas não têm medo da mudança, elas temem as perdas que terão, e o teste de competência que o processo trará. Para que isso não aconteça, o líder precisa vender os ganhos que as mudanças trarão e enfatizar a importância de cada colaborador no propósito do time. Criar um ambiente de valorização dos talentos existentes na equipe!

Em time que está ganhando, se mexe sim! Mas, para mexer, o argumento não pode ser somente “preciso ter minhas pessoas de confiança”. Os membros do time que você encontrou podem ser essas “pessoas”.

Recomendações para os profissionais

Diante desses desafios, os profissionais devem manter uma comunicação aberta e transparente com o novo gestor, procurando entender suas expectativas e prioridades e buscar oportunidades para contribuir e se destacar. Além disso, buscar apoio de colegas e líderes de equipe pode ajudar os profissionais a lidar com suas preocupações e incertezas durante esse período de transição.

A dica principal: os profissionais devem estar atentos à sua própria empregabilidade durante esse período de mudança! Investir em desenvolvimento profissional contínuo, adquirir novas habilidades e conhecimentos relevantes para sua área; manter uma atitude positiva e proativa, demonstrando flexibilidade e disposição para se adaptar às mudanças; construir e manter uma rede de contatos profissionais sólida, participando de eventos do setor e mantendo contato com colegas e mentores; demonstrar liderança e iniciativa em projetos e tarefas, mostrando seu valor como membro da equipe; estar aberto a novas oportunidades dentro e fora da organização, mantendo-se atualizado sobre as tendências do mercado de trabalho e explorando opções de carreira que possam surgir são estratégias que dependem da proatividade e da iniciativa do profissional, não do empregador ou do líder. O profissional trabalha para sua carreira e para o estilo de vida que deseja ter.

“Sempre fizemos desse jeito e sempre deu resultado!” – esqueçam isso! Para que o novo também o acolha, você precisa alimentar uma mentalidade flexível, afinal, o que era bom pode ser muito melhor! Em resumo, enfrentar a transição de liderança no ambiente de trabalho pode ser desafiador, mas com adaptação, comunicação eficaz e foco na empregabilidade, os profissionais podem navegar com sucesso por esse período de mudança e emergir ainda mais fortes e resilientes.

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.