É preciso falar sobre suicídio

Abrir espaços de discussões sobre esse problema de saúde pública é uma forma de encontrar saídas para que, em vez de perdidas, vidas sejam salvas. Todos os dias

Suicídio é uma palavra que dói. Mas é imprescindível pronunciá-la justamente para sentirmos menos os seus impactos. É preciso falar sobre suicídio, seus sinais e os tabus que os envolvem. Durante anos, esse tema foi tido como intocável, inclusive em produções jornalísticas, não por mal, mas para evitar estímulos a episódios.

O tempo passou e cenários de debates e discussões foram transformados, a esfera pública também viu nasceu a rede social digital, onde muito pode ser dito, visto. E também onde muito se esconde, onde tanto dói em tanta gente de cara feliz postada. 

Hoje, como jornalistas, profissionais de responsabilidade social, queremos evitar gatilhos, mas, paradoxalmente, queremos evitar que se chegue à sensação de se sentir engatilhados, incitados a medos e dores. Queremos estar passos e passos antes disso. Reportar informações que revelam existirem saídas, tratamentos, acolhimentos. O verbo é viver. 

Se hoje iniciamos uma série de reportagens para abordar o suicídio de crianças e adolescentes é porque queremos que mães e pais sejam acolhidos, filhos ouvidos, familiares abraçados. Que a sociedade seja educada para entender dentro da racionalidade o quanto a ciência já avançou e já norteou uma série de vidas salvas, por meio de medicamentos, tratamentos, terapias. Diálogos tantos. 

Enfatizamos, ainda, a imensa e intensa necessidade de fortalecer equipamentos públicos, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), para que consigam atender minimamente às demandas. 

Queremos ainda que a palavra seja falada em busca de ajuda. Que pacientes sejam cuidados, que procurem as saídas nos destinos eficazes. Uma terapia, um psiquiatra, um café com os amigos, umas risadas entre amores. Livres para sermos todos quem somos, para doer, mas também sarar. 

Por isso, estamos aqui para reforçar que o suicídio é um problema de saúde e precisa, dentre outros aspectos de duas coisas: tratamentos e diálogo. É primordial dar apoio a pessoas atravessadas por essa dor - tantas vezes "inexplicável" - sejam elas pacientes, amigos, amores, familiares e também profissionais de saúde que lidam com o tema. 

É preciso seguir em busca do apoio de psiquiatras, psicólogos e psicopedagogos. Ciência, unidades de saúde, escolas, igrejas, o poder público e tantos mais setores da sociedade precisam estar engajados nessa luta coletiva, para que pacientes busquem tratamentos, família acolham e sejam acolhidas. 

Cada perda é uma história de vida "não vivida" em sua potencialidade. Por isso, também falamos em números nas matérias para mostrar que os casos de suicídios são contabilizados, são recorrentes e seus impactos atravessam famílias de todas as idades, raças e territórios, no Ceará, Brasil, Mundo. Transpassam corações, mundos inteiros. 

Por isso, e por tanto mais, queremos ainda provar que o problema é real, não é "frescura". Está codificado na Classificação Internacional de Doenças (CID), tem remédio, tem respostas. E existe saída, existe tratamento, existe recuperação para essa dor que muitas vezes pode parecer não ter explicação. 

 

** Caso você esteja se sentindo sozinho, triste, angustiado, ansioso ou tendo sinais e sentimentos relacionados a suicídio, procure ajuda especializada. É possível encontrar apoio em instituições como o Centro de Valorização da Vida (CVV) e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

 

ONDE BUSCAR AJUDA  

• Centro de Valorização da Vida – CVV
Atendimento 24h 
Contatos: 188 ou chat pelo site https://www.cvv.org.br
 
• Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE)

Contato: 193 
Endereço: Núcleo de Busca e Salvamento Av. Presidente Castelo Branco, 1000 – Moura Brasil – Fortaleza-CE
 
• Hospital de Saúde Mental de Messejana
Contatos: (85) 3101.4348 | www.hsmm.ce.gov.br 
Endereço: Rua Vicente Nobre Macêdo, s/n – Messejana – Fortaleza/CE
 
• Programa de Apoio à Vida – PRAVIDA/UFC

Contatos: (85) 3366.8149 / 98400.5672 | contato.pravida@gmail.com
Endereço: Rua Capitão Francisco Pedro, 1290 – Rodolfo Teófilo – Fortaleza/CE

• Instituto Bia Dote
Contatos: (85) 3264.2992 / 99842.0403 | contato@institutobiadote.org.br / institutobiadote@gmail.com | www.institutobiadote.org.br 
Endereço: Av. Barão de Studart, 2360 – Sala 1106 – Aldeota – Fortaleza/CE