*Com colaboração de Brenno Rebouças, Marta Negreiros e Alexandre Mota
Classificado às oitavas de final da Copa Sul-Americana como líder do grupo e ocupando a 8ª colocação no Brasileirão, o Fortaleza vive ótimo momento dentro de campo. Nos bastidores, porém, a situação é diferente. E os recentes movimentos expõem publicamente as divergências que, internamente, já eram percebidas.
E toda essa história tem um personagem central: Alex Santiago. Na última terça-feira (9), o presidente da associação publicou em suas redes sociais mensagem enigmática em tom de despedida. E, embora após a repercussão, ele tenha afirmado o contrário, não foi à toa.
O Diário do Nordeste apurou, com pluralidade de fontes, que houve sim, por parte de Alex, indicação de renúncia ao cargo, inclusive com carta de renúncia que seria entregue ao Conselho Deliberativo (confirmando informação anteriormente publicada pelo O Povo).
Motivos da insatisfação
A insatisfação de Alex Santiago não é de hoje. Visto como braço direito de Marcelo Paz durante os últimos anos, em que ocupou o cargo de assessor da presidência, diretor de futebol e vice-presidente, ele passou a ter mais atribuições ligadas à associação após a transformação em SAF, que separou o futebol do clube.
Desde então, o CEO Marcelo Paz foi quem ficou 100% voltado ao Futebol, e não Alex - que saiu do epicentro do futebol e teve que concentrar outras demandas, como futsal e basquete, por exemplo.
A relação entre ambos passou por turbulências e passou a ser mais distante, embora seja importante destacar que Alex não tinha a caneta, mas não deixou de estar a par de movimentações. Não possuía mais o cargo de "Diretor de Futebol", mas nunca saiu totalmente do Futebol. E as decisões (certas e erradas) passavam também por ele.
Em abril, no entanto, Alex Santiago já havia cogitado a renúncia, mas desistiu do ato. Na época, quando voltou a ser mais atuante na parte de futebol, muito embora, segundo apuração do Diário do Nordeste, o dirigente nunca tenha se afastado por completo.
Sai Papellin, chega Bruno Costa
Porém, depois da chegada de Bruno Costa, a insatisfação aumentou. Bruno foi contratado por Marcelo Paz para ocupar o cargo de Executivo de Futebol, deixado por Sérgio Papellin. Acontece que o perfil do novo dirigente é diferente do seu antecessor.
Na antiga estrutura, Papellin (visto como "macaco velho", de perfil conciliador e que evitava embates) tocava questões do dia a dia e não se importava que Alex Santiago tomasse livremente a frente nos assuntos vistos como mais estratégicos, como determinadas negociações.
Já Bruno Costa é mais participativo na busca por abraçar mais processos que Papellin, inclusive os estratégicos, havendo assim um "choque de funções" com Alex Santiago, o que desagradou o presidente, que tem se sentido "desprestigiado".
Experiente e de perfil agregador, Marcelo Paz sempre atuou como conciliador para buscar uma pacificação interna, evitando que tais ruídos tomassem maiores proporções.
Imagem pública
Além do sentimento de escanteamento, há também uma chateação com o que se entende de uma repercussão não igualitária (ou justa) entre o trabalho das peças que compõem o departamento de futebol. Recentemente, desagradou matéria que deu destaque a Bruno Costa, o colocando como "o dirigente que hoje comanda o futebol do Fortaleza". O clima interno não é bom e a direção não tem comentado sobre o assunto.
Divergências expostas
Embora a exposição de tal situação aconteça agora e possa gerar surpresa em muitos torcedores, tais insatisfações e divergências já eram percebidas nos bastidores. Mas agora ultrapassou os muros do Pici e a repercussão aumentou.
Alex Santiago deve permanecer como presidente do Fortaleza até o fim de 2024, (mas agora estando, de fato, mais afastado do Futebol, e com o futuro para 2025 sendo uma incógnita).
Fato é que a postura e seu comportamento tem gerado, também, desagrado de outros tricolores. Sobretudo porque fez com que as divergências internas fossem publicizadas - e num timming de momento positivo do time. E ele pode negar publicamente que houve intenção de afastamento.
Mas, independente de renunciar ou não, o problema está exposto, aumentando a tensão.