Programa Desenrola: atenção a estes 2 alertas antes de aderir ao programa de negociação de dívidas

Imagine a seguinte situação: você possui dois amigos que sempre saem juntos. Vocês três, juntos, curtem festas, conversas, futebol. Mas 1 deles sempre está endividado, seja com banco, com empréstimos, com contas atrasadas. E você, por se sentir incomodado com isso, resolve trocar de amigos e passa a sair com outros 2 novos amigos. Curioso que, desses 2 novos amigos, 1 deles também sempre está endividado. 

Será coincidência? Não. É a realidade do endividamento no Brasil de hoje. Se você ficar trocando de amigos, sempre terá 1 endividado. A cada 3 pessoas, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo SPC, 1 está endividada.

Ou seja, atualmente, 38,7% da população brasileira, cerca de 63 milhões de brasileiros, sofrem com dívidas em atraso. Temos, hoje, 48 milhões de negativados. Segundo o Serasa, 14,9% destas dívidas são com instituições financeiras, mais 28,8% com bancos e 66,3% com varejistas, energia, água, telefone e gás.

E por que volto sempre neste assunto? Porque a busca de soluções para sua vida financeira é essencial para uma vida emocional mais saudável. Então, aproveite, pois tenho uma boa notícia!

Está previsto, para esta semana ainda, a divulgação do Programa Desenrola. É um programa do Governo Federal, buscando cumprir promessa de campanha do atual presidente Lula, que pretende reduzir o número de famílias inadimplentes no Brasil de forma ágil e prática.

Através de Medida Provisória enviada ao Congresso, para legitimação do ato do Governo, este pretende fazer um leilão das dívidas, ou seja, reunir bancos e fornecedores de água, energia, gás, que constituem grandes dívidas dos brasileiros, e fazer um leilão de descontos para renegociação com os consumidores. 

Renegociação de dívidas

Após implementação, a ideia é que sejam renegociadas dívidas de até R$ 5 mil de cidadãos que recebem até 2 salários mínimos, incluindo beneficiários do Bolsa Família. Tais dívidas deverão ter descontos significativos e poderão ser pagas a vista ou refinanciadas em até 60 meses, dependendo do caso.

Depois que o Governo fizer estes leilões com os fornecedores e garantir descontos em dívidas e taxa limite de juros, o consumidor inadimplente poderá entrar em um portal, digitar seu CPF e verificar se sua dívida está com desconto e então, poderá decidir sobre melhor forma de quitar. Ótimo, não é mesmo? Mas tenho alguns alertas a fazer. 

  • Antes de aceitar as renegociações, é importante que você realmente saiba quais são suas dívidas e quais são os valores originais, ou seja, quais valores sem juros. Assim, poderá saber se está valendo a pena para você a oferta de quitação.
  • Cuidado com os golpes. Sempre que existem feirões de renegociação, como Serasa e Bancos costumam fazer, surgem os oportunistas. São aqueles que te telefonam e insistem em resolver seu problema de dívida, mas oferecem parcelamentos com juros ainda maiores. São aqueles que tentam pegar suas informações pessoais para uso indevido. São aqueles que oferecem o paraíso. Desconfie e certifique-se da legalidade do fato.

Lembre-se: a sua situação de inadimplência atual não é, na maioria das vezes, por questões que estavam em seu controle. Muitas vezes um desemprego, uma doença na família, uma inflação alta, juros altos, acabam por te trazer a este momento de endividamento. É um momento apenas. Pode ser resolvido com calma e paciência. Portanto, fique atento às oportunidades de regularização. e me chame em caso de dúvidas. Sempre estarei por aqui. Até a próxima semana.

Ana Alves
@anima.consult 
Economista, consultora, professora e palestrante

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora