O empreendedor no Brasil não tem vida fácil. Sistema tributário complexo e custo elevado, margens de lucros pressionadas pela inflação e juros altos, representam alguns dos desafios que os empresários têm de encontrar soluções para colocar o empreendimento em funcionamento.
As finanças corporativas, neste contexto, são de extrema relevância para a sustentação do negócio. Conhecer de forma inteligente e profunda as finanças empresariais é primordial para ter o negócio sustentável e rentável.
Nesse sentido, caro empreendedor, em razão de ser informação estratégica para entender melhor o seu negócio, quero trazer importante pergunta para reflexão: qual o seu ponto de equilíbrio?
O foco do ponto de equilíbrio, nestas breves palavras, é na ótica das finanças.
O QUE É O PONTO DE EQUILÍBRIO?
Segundo o economista Assaf Neto, expoente acadêmico na seara das finanças corporativas, o ponto de equilíbrio, de forma sintética, é o volume de vendas necessário para cobrir todos os custos e despesas operacionais.
Assim, o ponto de equilíbrio representa o quanto, pela receita obtida ou da quantidade vendida que é necessária para conseguir fazer frente aos gastos (custos e despesas) operacionais do negócio.
QUAIS AS VANTAGENS DE CONHECER O PONTO DE EQUILÍBRIO?
Entre as principais vantagens de conhecer o ponto de equilíbrio, posso elencar:
- Maior clareza na definição das metas de vendas, uma vez que se conhece o valor mínimo a ser alcançado;
- Pelo fato do ponto de equilíbrio envolver também os custos, naturalmente, o empreendedor tem maior motivação para promover redução de custos, sobretudo os custos fixos;
- A estratégia do negócio terá foco ainda maior em maximizar a margem de contribuição dos produtos e serviços vendidos.
EMPREENDEDOR, VOCÊ SABE QUAL O SEU PONTO DE EQUILÍBRIO?
Na missão de conhecer melhor os empreendimentos que almejavam crédito, nas conversas com os empresários sobre mercado, estratégia e finanças, evidentemente, o ponto de equilíbrio era uma das perguntas recorrentes.
Entre as respostas ouvidas, sobre o ponto de equilíbrio, foram diversas, desde números da receita ou quantidade na “ponta da língua”, passando por uma ideia de valor(ou quantidade) e chegando ao sincero “não sei, mas vou me informar”.
Empresários e profissionais que lidam com as finanças nos diversos setores, em grande medida, sabem da importância de saber qual o nível mínimo de vendas (ou de quantidade vendida) para que o negócio alcance pelo menos o lucro no “zero a zero”.
RELATOS DE UM ECONOMISTA
Certa vez, nas visitas aos negócios que solicitavam empréstimos e financiamentos, recebi uma resposta, digamos, singular. Ao perguntar para o empresário, qual o seu ponto de equilíbrio? Ele disparou: “é minha mulher”.
Confesso que abri um sorriso, por fazer sentido a resposta. Mas logo esclareci melhor a pergunta e o empreendedor prontamente providenciou a informação, telefonando para sua esposa, diretora financeira da empresa.
Atuando em mais de duas décadas atuando no mercado financeiro, tive a oportunidade de conversar com empreendedores informais até empresas multinacionais.
Um momento especial nas tratativas para concessão de crédito foi com um pipoqueiro que pleiteava recursos para um novo carrinho de pipocas. Sem ainda perguntar, me disse quantos sacos de pipocas teria de vender por dia, para pelo menos “empatar” as despesas. Ou seja, o seu ponto de equilíbrio estava identificado. E completou, que partir daquele número “X” de sacos de pipocas vendidos, era só alegria! Que lição de Finanças eu tive naquele dia.
Nesse ano que começa, caso ainda não tenha essa informação, fica a sugestão para você empreendedor identificar o seu ponto de equilíbrio.
O cálculo pode ser efetuado de forma simples, com o suporte de um profissional da área de finanças, economia, administração ou contabilidade. Vale reforçar, essa é uma informação fundamental para o seu empreendimento, pois é estratégica para a condução do seu negócio.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
Obs.: O ponto de equilíbrio também é conhecido na literatura financeira como break-even point, em razão do desenvolvimento das finanças modernas, em grande parte, ser oriunda dos Estados Unidos.