A ascensão do Fortaleza no cenário nacional traz reflexos em visibilidade, investimento e, consequentemente, no mercado de contratações. Após os títulos da Série B do Brasileiro e da Copa do Nordeste sob o comando de Rogério Ceni, somado ao espetáculo da torcida, o Leão estreitou os laços com Corinthians e Flamengo.
A aproximação foi intensificada em 2018 através do atual departamento de futebol tricolor. Com elencos mais robustos e pressão das arquibancadas, os times percebem no Leão a possibilidade de gerar um simulacro do ambiente encontrado no profissional, abrindo espaço para transferência de jovens com alto potencial.
Vantagens do Fortaleza no mercado
- Valorização do atleta jovem
- Presença da torcida no estádio
- Metodologia de Rogério Ceni
- Folha de salário em dia
O ganho da parceria é mútuo com a valorização do atleta e aquisição de experiência atrelado ao menor custo de investimento do Fortaleza. O modelo melhor explorado, se tornando case para ações futuras, foi a chegada de Gustavo, há dois anos. Em baixa no Timão, o atacante foi atraído por Ceni e assumiu protagonismo na caminhada à 1ª divisão, encerrando o ano como artilheiro do Brasil ao marcar 30 gols.
"As portas no Corinthians estão abertas. Havia uma preocupação quanto ao pagamento do salário ao Gustavo, mas nós sempre cumprimos com tudo em dia e o devolvemos mais valorizado, o jogador chega lá e fala bem do clube, da estrutura, da torcida, que todos querem jogar com uma atmosfera de estádio como essa do Fortaleza. Depois disso teve o Paulo Roberto e o André Luís, em 2019, com o André sendo vendido agora. Hoje temos o Madson, atleta com potencial de crescimento", explica o presidente Marcelo Paz.
Dos listados, o Fortaleza chegou a negociar o retorno de Gustavo no início da temporada, mas a opção do centroavante foi fechar com o Internacional. O Leão também monitorou outros nomes da base paulista, como o lateral esquerdo Carlos Augusto, e tem valor de compra fixo ao término do empréstimo de Madson.
O sucesso da relação se fortalece também com os contatos profissionais e o trabalho da gestão. No caso do Flamengo, a atual posição de Bruno Spindel foi fundamental na contratação recente do volante Luiz Henrique e do atacante Yuri César, ambos tratados como joias do Ninho do Urubu. Antes gerente de marketing, o gestor se tornou diretor de futebol e trata a equipe cearense como oportunidade de negócio.
“Tenho uma amizade com o Bruno muito forte e agora ele é executivo no Flamengo, é um bom parceiro. Confia no trabalho do Rogério, sabe que o jogador vai ter um grande treinador, gosta do que ele passa de instrução, e o Fortaleza é um clube estruturado, não vai ter problema, isso abre as portas. Agora temos o Yuri e o Luiz, mas recebemos outras propostas deles. A gente aposta muito nesses jogadores jovens", revelou Sérgio Papellin, diretor executivo do Leão.
Aos 19 anos, Yuri tem uma multa rescisória de € 50 milhões (cerca de R$ 301 mi na cotação atual) e recebeu ofertas de Bragantino, Inter, Santos e Athletico/PR. Já Luiz Henrique, de 20, era o capitão da base rubro-negra e acertou contrato até o fim de 2021, com o Fortaleza recebendo 60% dos direitos econômicos do atleta.
É fato que o trabalho interno do Tricolor é firmar mais contratos definitivos, com aquisição de direitos, e evitar perder atletas ao longo de uma competição. A contratação de David exemplifica o planejamento a longo prazo. No entanto, ter oportunidade de dividir salários e ganhar um reforço é atrativo e serve para composição do elenco competitivo. Na relação, todos ganham, com o Leão ainda adquirindo 10% em uma eventual negociação pelo direito de vitrine, se o atleta ainda estiver no time.