A 'Mão de Deus' que será sempre lembrada

Diego Armando Maradona morre, mas sua passagem mítica pelo futebol é uma chama que nunca se apagará

Maradona foi o maior jogador de futebol que vi atuar. Deixo Pelé de fora porque só o acompanhei nos compactos de suas exibições pelo Santos e pela Seleção Brasileira. De 1986, tenho apenas lampejos, mas a atuação contra a Inglaterra, eu lembro ter sido o que me despertou o interesse pelo futebol. Maradona driblando meio time inglês para fazer o gol mais bonito de todas as Copas do Mundo. E usando sua "La Mano de Dios" para deixar a escrete britânica com a cara no chão.

É o único irregular da história do futebol que conheço celebrado por todos que gostam de futebol. Impossível não entender aquele gol como um dos mais contumazes gestos políticos do esporte. Eram tempos em que a Guerra das Malvinas ainda retumbava nos corações argentinos. E vencer a Inglaterra dentro de campo era lavar a alma. Ao mesmo tempo, livrava-se do fantasma da guerra e de uma ditadura militar que havia assolado os argentinos.

Maradona é muito mais ídolo na Argentina do que Pelé é no Brasil. O craque, no seu caso, vai além dos gramados e representa engajamento. El Pibe é o retrato do seu tempo e de suas origens. Suas controvérsias, por mais que o prejudicassem, faziam parte de sua revolta, talvez nunca tratadas como poderiam ter sido.

Foram 365 gols em 695 partidas em sua carreira de jogador. E 11 títulos conquistados. Graças a ele, o Napoli deixou de ser um time mediano na Itália para se tornar um grande. Se não grande, um tradicional e competitivo clube. Entre 1984 a 1991, Maradona, com o brasileiro Careca ao seu lado, fez com que o Napoli se tornasse uma potência italiana. Por mais que dispute competições internacionais até hoje, o clube jamais foi o mesmo sem ele em campo.

De 1986 a 1990, o Napoli esteve em todas as finais do Campeonato Italiano. Foi campeão nas temporadas de 1986/1987 e 1989/1990. E vice em 1987/1988 e 1988/1989. Maradona foi artilheiro, com 15 gols, em 1987/1988. Antes, já tinha passado pelo Barcelona, também com grande estilo, entre 1982 e 1984. Não conquistou o título espanhol, mas ganhou a Copa do Rei em 1983.

Na Argentina, também foi campeão quando jogou por lá: pelo Boca Juniors, foi campeão em 1981. Artilheiro em cinco oportunidades: 1978, 1979 (Metropolitano e Nacional) e 1980 (Metropolitano e Nacional).

Na Seleção Argentina, como técnico, acumulou uma sequência incontável de polêmicas, com dirigentes e jogadores. Mas que, à beira do gramado, esteve longe de ser decepcionante, embora não tenha conquistado títulos nos dois anos de comando. Um aproveitamento de 75% em 24 jogos (18 vitórias e 6 derrotas). Na Copa de 2010, fez uma 1ª fase sem sustos, avançou nas oitavas, mas tudo ficou apagado com o 4 a 0 sofrido para a Alemanha, nas quartas de final.

Mas o fato é que sua morte atinge a todos neste 25 de novembro de 2020, ano em que tantos já pereceram e padeceram. Seja dentro ou fora de campo, Diego Armando Maradona é um dos maiores da história. Anos-luz de Messi e Cristiano Ronaldo. Quase nenhuma diferença para Pelé em campo. E um ídolo que construiu uma história brilhante com erros e acertos.

Meus sentimentos, argentinos. El Pibe está en La Mano de Dios - Inolvidable.