Netflix esquecida e as surpresas do Globo de Ouro

Premiação aconteceu na noite do último domingo (5) e quem levou a melhor foi 1917, longa dirigido por Sam Mendes

A premiação do Globo de Ouro aconteceu na noite do último domingo (5) e restaram os comentários por algo inesperado ainda nessa manhã: a derrota da Netflix em diversas categorias. O esperado era que, além de garantir a presença na lista de premiados com as séries, marcas registradas do serviço de streaming, as apostas cinematográficas feitas pela empresa no último ano também fossem contempladas com algumas estatuetas em meio a 17 indicações. Mesmo assim, o que se viu foi algo extremamente diferente. Na mesma proporção em que surgiu a surpresa com a força do "reconhecimento" após o anúncio dos indicados, quando a Netflix figurou com favoritismo, também ficou o gosto de frustração.

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"O Irlandês", por exemplo, perdeu para o longa "1917", que ainda não chegou às salas de cinema brasileiras. Se o filme de Martin Scorsese era o grande favorito da noite, ainda havia a esperança em relação à "História de um Casamento", com direção de Noah Baumbach e atuações dedicadas de Adam Driver e Scarlet Johansson.

O resultado foi mais uma decepção. Elogiado pelo roteiro, categoria à qual também estava no páreo, ele só rendeu uma estatueta a Laura Dern, como atriz coadjuvante. "Dois Papas", do brasileiro Fernando Meireles, e "Meu Nome é Dolemite", com Eddie Murphy no elenco, foram outros colocados de escanteio. Também da Netflix, a série The Crown rendeu uma estatueta para Olivia Collman.

Ganharam destaque "Era Uma Vez... em Hollywood", Brad Pitt, Joaquin Phoenix, com um Coringa único, Bong Joon-ho, com as peculiaridades de "Parasita", e outros vencedores.

Em meio ao espanto pela quebra de expectativas, um dos questionamentos pode estar em como isso irá afetar a grandiosidade da Netflix. Enquanto se consolida como uma das grandes produtoras de séries, a gigante do streaming ainda busca, entre percalços e boicotes, um espaço seguro para ser vista como um dos grandes nomes no espectro do cinema. Junto a isso, também espera segurar uma fatia certa do mercado, já que outros streamings, como o Disney+, AppleTV+, além dos já existentes Amazon Prime Video e HBOGo, devem abocanhar um lugar no qual sequer existia concorrência anteriormente.

Talvez o Oscar esteja aí para mudar a situação e conceder a aprovação merecida a esses trabalhos. Ainda assim, o sinal de dificuldade para a Netflix deslanchar entre as grandes produtoras é cada vez mais óbvio. Seria uma espécie de crítica para delimitar o que, de fato, é cinema ou não? Ou para definir como a Netflix deve se comportar diante da indústria já estabelecida?

É possível, e não seria novidade, visto as temporadas anteriores. A verdade, é claro, está no fato de que, com premiações ou não, são produtos de qualidade elevada e não há como negar. 

Por falar em Globo de Ouro, a temporada de premiações ganha cada vez mais força nas próximas semanas. Teremos SAG Awards, BAFTA, Critics' Choice Awards e até mesmo o famoso Framboesa de Ouro, que faz lista dos piores filmes do último ano. Não creio em noites favoráveis a "O Irlandês", mas não é justo descartá-lo por conta do peso na direção e no elenco. Por fim, ainda fico esperando por um prêmio a Driver, a Johansson ou ao roteiro de "História de um Casamento". Não custa nada sonhar.