Uma sociedade melhor

Nesse texto estaremos repetindo alguns conceitos constantes de outros. Todavia, vale a pena repetir. Ética e governabilidade devem caminhar juntas, buscando uma sociedade politicamente aberta, soberana, de economia forte e socialmente justa. Estas questões estão também associadas ao fenômeno da globalização, que é importante, porém sem explorados e exploradores, sem discriminação, vinculada a um debate amplo sobre tecnologia, pobreza, crescimento, meio ambiente e políticas sociais. A globalização deve ser analisada mais como um processo político e cultural do que econômico.

Por sua vez, a política é mutável ou dinâmica, conforme o Estado e o Governo, já a moral é permanente. O importante é compatibilizar a política e a moral dentro de bases éticas que respeitem a liberdade, a democracia, a estrutura legal e a justiça social. Vale lembrar Bacon: “Como é estranho ambicionar o poder e perder a liberdade”. Ademais, ressalte-se, alcançaremos a verdadeira governabilidade mediante o atendimento das reais necessidades e carências do povo e não fazendo concessões e acordos que possam prejudicá-lo, objetivando a manutenção do poder. A rigor, é difícil imaginar soluções para os problemas de uma sociedade.

Enquanto as pessoas não tiverem consciência crítica e visão de mudanças, ela não evolui. Buscar um mandato eletivo ou exercer uma atividade pública significa muita responsabilidade ética, moral e também social. Como disse François Maurice: “O ideal democrático ensina como um povo livre pode tomar-se forte e um povo forte permanecer justo”. Por outro lado, a coerência programática e de ideias, abrangendo indicadores políticos, administrativos, econômicos e sociais, nos leva ao caminho da justiça e da liberdade. A atividade estatal deve buscar o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo. O objetivo da política, todos sabemos, é a conquista, a expansão e a preservação dos espaços de poder.

O embate e os jogos dos contrários constituem a essência dos sistemas democráticos, respeitando-se os princípios éticos e morais, bem como evitando-se corrupção, emboscadas e conluios. É claro que a situação econômica e política, notadamente nos países emergentes, ainda é muito grave, porém a desejada independência dos poderes constituídos, a liberdade imparcial da imprensa, a autoestima, a consciência dos direitos e obrigações das pessoas, o repúdio a forças totalitárias, são pontos básicos para a consolidação da democracia e, em consequência, a certeza de uma melhor qualidade de vida.   

Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC