Sobre doar e agradecer

Anualmente, em 14 de junho, registra-se a passagem do Dia Mundial do Doador de Sangue. A data foi instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2014, como tributo à memória do imunologista austríaco Karl Landsteiner (1868-1943), no dia de seu aniversário. Ele descobriu o fator Rh e as várias diferenças que existem entre os tipos sanguíneos, o que lhe valeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1930. Homenagem mais do que merecida à importância que Landsteiner representa para a humanidade, para a salvação e a proteção de milhões de vidas desde então.

O dia se destina a agradecer a todos(as) os(as) doadores(as) que, no Brasil e no mundo inteiro, praticam, com seu gesto concreto, a solidariedade e o amor. Ao mesmo tempo, a efeméride procura incentivar mais e mais pessoas a multiplicarem tal atitude. Por todo o planeta, milhões de pessoas necessitam de sangue, como os pacientes internados em hospítais e que estão submetidos a situações como procedimentos médicos e cirúrgicos de maior complexidade.

Da mesma forma, os feridos em guerras, bem como vítimas de catástrofes naturais (terremotos, acidentes de toda espécie etc), entre outros casos, se encontram na mesma urgência. Infelizmente, na maioria dos países, a oferta de sangue para os receptores ainda é pequena em relação ao total da população e também há deficiência de equipamentos para a testagem do sangue. O Brasil se encontra nesta situação, daí a premência de campanhas que estimulem mais pessoas a se tornarem doadoras. Esse desequilíbrio também se repete na maioria das nações do planeta, tendo em vista que 42% de todo o sangue coletado na Terra provêm de países onde seus habitantes correspondem a apenas 16% da população mundial.

Segundo dados do Ministério da Saúde, menos de 2% da população brasileira doam sangue regularmente. O percentual, ainda que esteja dentro do intervalo recomendado pela OMS, que é de 1% a 3% da população, é insuficiente para atender a demanda atual do país. E o Brasil é apenas uma entre muitas nações nessa situação. Vê-se, pois, que muito há a ser feito ainda para que essa balança seja equilibrada mundialmente. Mas, enquanto esse objetivo não é atingido, aplaudamos e agradeçamos a todos(as) os(as) que, movidos(as) pelos nobres sentimentos da bondade, da empatia, da caridade, socorrem, no Junho Vermelho e pelo ano inteiro, milhões de pessoas. Impedido temporariamente de fazê-lo (sim, sou também doador!) e tendo enfrentado há pouco a angustiante situação de ter que captar sangue para o pai enfermo, este articulista se inclui também entre esses agradecedores. E que esta corrente de amor nunca pare de se propagar pelo mundo. Gratidão, sempre!

Gilson Barbosa é jornalista