Henry Wadsworth Longfellow (1807-1882), famoso poeta norte-americano, declarou, certa vez, que, “no caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade é a suprema virtude”. E estava certo Longfellow, pois alcançá-la, principalmente neste mundo onde tanto se valoriza mais o “ter” do que o “ser”, demanda supremo esforço para muitas pessoas. Estamos de fato imersos, envoltos por um sistema econômico que nos bombardeia a todo instante com coisas transitórias, que à primeira vista nos deslumbram e que desejamos atingir. A publicidade massiva nos leva muitas vezes a sonhar com a compra do imóvel mais espaçoso ou a do carro mais veloz e moderno, apenas para citar alguns exemplos.
E muita gente se deixa levar pelo “canto da sereia”, obstinando-se em colocar no primeiro lugar, em sua lista de prioridades, exatamente tais metas. Há seres humanos que se dedicam a trabalhar anos a fio com a finalidade de realizar “aquele” sonho tão almejado. Não os condeno, pois a diversidade de atitudes e comportamentos faz parte da essência humana. Porém, lamento que muitos desses indivíduos, ao agirem assim, percam tanto tempo na vida, colocando em primeiro lugar o que na verdade é passageiro e, assim procedendo, não valorizem as coisas simples que realmente importam.
Há pessoas que vêm ao mundo e crescem com uma visão distorcida da realidade. Arrogantes, prepotentes, nascidas em berços de ouro, não conhecem o verdadeiro sentido da vida. Distantes da realidade do mundo, das desigualdades, alheias a sentimentos como empatia e solidariedade, vivem uma existência vazia. Constroem muralhas em torno de si, isolando-se de seus semelhantes.
Desenvolvem caracteres doentios, agem como se fossem eternas, mais apreciam os prazeres momentâneos, efêmeros, esquecendo-se de dar importância ao que é fundamental neste plano em que nos encontramos. Parecem não pisar no chão, de tão empenhadas em se mostrar arredadas do cenário que as cerca. Falta-lhes singeleza, respeito, a mínima educação para interagir com quem as rodeia. Realmente, descortinar este véu, aparentemente tão brumoso, torna-se a suprema virtude para gente assim, como bem descreveu o vate nascido nos Estados Unidos. A prática da simplicidade nos leva a enxergar o mundo com outros olhos.
É o recado que dou a essas pessoas. Valorizem o que Deus nos dá a todo instante: a natureza, o ar que respiramos, o vento que nos refrigera, a graça diária de vivermos, a relação com o outro, sem distinção de raça ou classe social. Enxerguem suas existências com outros olhos. Exercitem a simplicidade! À medida que o fizerem, certamente serão melhores. E, assim fazendo, poderão tornar este mundo menos angustiante e desafiador. Simplicidade é tudo!