Revistas em quadrinhos

A ida à banca de revistas era, por si só, experiência prazeros

O incentivo à prática da leitura é, sem sombra de dúvida, o passaporte para abrirmos os horizontes do conhecimento e como entretenimento. Num passado muito comum a minha geração, quando éramos ainda crianças e achávamo-nos na fase da alfabetização, as revistas em quadrinhos representavam uma motivação a mais para o aprendizado da leitura. Coloridas, repletas de historinhas engraçadas, as revistinhas nos impeliam rapidamente a ler, pois queríamos compreender cada pequena narrativa contada nos quadrinhos. Quando criança, eu sempre era presenteado por minha querida tia, Luzanira Sales Barbosa, com uma revista da Disney, publicada então pela Editora Abril. Lembro-me que ficava ansioso, em casa, pela sua chegada do trabalho. Minha tia me presenteava com uma revista do Tio Patinhas, do Pato Donald, do Mickey, Zé Carioca ou de qualquer outro personagem famoso. Ou até mais de uma, que ela me trazia de uma única vez!

Eu ficava encantado com cada história e queria ler mais e mais. A cada semana sempre surgia uma nova publicação, com diferentes situações em que os personagens famosos de Walt Disney (1901-1966) estavam envolvidos. E muitos de nós nem percebiam que rapidamente avançávamos nesse conhecimento, nessa expansão do vocabulário, para o qual a leitura das historinhas contribuiu diretamente. Quando minha tia ou minha mãe não nos traziam as revistas, para mim e minha irmã, éramos levados a uma banca de revistas (hoje, infelizmente, em extinção!) para escolhermos as que mais nos agradassem. Era um processo lúdico de aprendizado, no qual imergíamos naturalmente. Ainda hoje, como mantenho o hábito de conservar muitos objetos, possuo diversos exemplares daquelas publicações, que preservo com carinho.

A ida à banca de revistas era, por si só, experiência prazerosa. A variedade de títulos do gênero era muito grande e ficávamos até em dúvida sobre qual deles adquirir. Diferentemente do que ocorre hoje em dia, não tínhamos a diversidade de recursos oferecidos por um aparelho celular, que tanto encanta as crianças atuais, muitas vezes de forma prejudicial. Vivíamos tempos de mais inocência e nos quais a criatividade e o interesse pela leitura eram incentivados de maneira bem mais lúdica. Tínhamos aquele afã de descobrir o que significava cada quadrinho da história, até dominarmos completamente sua compreensão. Com a modernidade, creio que todas as revistas em quadrinhos (ou ainda resta alguma?), exceto, talvez, as da Turma da Mônica, do brasileiro Maurício de Souza (1935-), tenham sumido das bancas, assim como estas últimas, cada vez mais raras. É pena, pois, que as crianças de hoje não mais vivenciem aquela gostosa experiência !