Diário do Nordeste

Planejamento financeiro: a chave para enfrentar os juros altos

Escrito por
Gonzalo Mota producaodiario@svm.com.br
Gonzalo Mota é CFO da M7 Soluções Financeiras
A instabilidade econômica gerada pela alta dos juros, pela oscilação do dólar e por fatores externos, como decisões adotadas nos Estados Unidos, tem impactado diretamente a realidade das empresas brasileiras. Gestores, empresários e empreendedores se perguntam: como manter investimentos sem comprometer a saúde financeira do negócio? A resposta está em um planejamento estratégico e financeiro bem estruturado.

Com a Selic no patamar atual e a expectativa de novos aumentos, as empresas precisam redobrar a atenção sobre seus investimentos e fluxo de caixa. A elevação dos juros, utilizada como instrumento para conter a inflação, encarece o crédito, dificulta o acesso a financiamentos e impacta diretamente negócios que dependem de capital para expansão ou até mesmo para manter a operação. Além disso, a desaceleração do consumo, especialmente entre aqueles que necessitam de crédito para compras, afeta setores como o varejo de bens duráveis. Empresas endividadas também sofrem com despesas financeiras crescentes, que reduzem sua margem de lucro e comprometem a sustentabilidade das operações.

Diante desse panorama desafiador, a gestão eficiente do caixa se torna fundamental. Priorizar a liquidez e evitar exposição excessiva a dívidas de alto custo são medidas essenciais. A otimização de operações, a redução de desperdícios e uma seleção criteriosa de clientes e parceiros comerciais também são estratégias importantes para minimizar riscos de inadimplência e garantir maior previsibilidade financeira. Setores mais dependentes de crédito tendem a sentir os efeitos da desaceleração, tornando ainda mais necessário um planejamento financeiro bem feito.

No entanto, também devemos olhar para as oportunidades que podem surgir nesse contexto. Para quem busca investir, ativos de renda fixa se destacam como alternativas mais atrativas, principalmente aqueles atrelados ao CDI e à inflação. Empresas exportadoras também podem se beneficiar da valorização do dólar, tornando seus produtos mais competitivos no mercado internacional. Ao decidir sobre novos investimentos, é essencial avaliar cuidadosamente a taxa interna de retorno (TIR) dos projetos em comparação com a taxa de juros do mercado somada ao prêmio de risco. Com os juros elevados, apenas investimentos com alto potencial de retorno fazem sentido, o que pode levar a uma gestão de capital mais criteriosa e eficiente.

Juros altos são sinônimos de ativos descontados. Mesmo que o momento seja de cautela, isso não significa que os investimentos devam ser descartados. Pelo contrário: empresas que estruturam suas decisões com base em análises sólidas e estratégicas podem encontrar possibilidades interessantes para crescer, fortalecer sua posição no mercado e até mesmo se antecipar à retomada econômica. A chave está em inteligência planejada e bem estruturada, garantindo que cada investimento seja um passo seguro em direção ao desenvolvimento sustentável do seu negócio.

Gonzalo Mota é CFO da M7 Soluções Financeiras