Livro e picolé

Algum tempo atrás, tive a oportunidade de visitar a XVIII Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro. Realizou-se no amplo Rio Centro. Chegando no local, no primeiro dia, fiquei emocionado e alegre. A fila de entrada era muito extensa e formada na grande maioria por crianças, jovens e adolescentes. Apesar da minha idade, mas em respeito e homenagem aos integrantes, fiz questão de enfrentar, sob um sol forte, a ordem estabelecida. Após aproximadamente uma hora entrei no enorme pavilhão. Mesmo cansado, fui a vários setores e observei muitos “stands”.

Livros diversos: poemas, romances, técnicos, religiosos, infanto-juvenis, etc. No dia seguinte retornei para espiar, exclusivamente, as obras destinadas às crianças e aos jovens. Notei que a frequência, de um dia para o outro, do público infanto-juvenil havia aumentado. Cresceu, mais ainda, minha felicidade e emoção. Os meninos e meninas do Brasil estão iniciando um processo de emancipação cidadã, através da leitura. Sentei-me em frente a um “stand” de livros infanto-juvenis. Ao lado, uma moça com carrinho vendia picolés para a garotada.

Pois bem, a meninada passava indiferente pelo carrinho e entrava no “stand”. Muitos compravam livros e só depois adquiriam os saborosos picolés. Atitude, a meu juízo, que traz esperança. A boa leitura poderá acabar no futuro, talvez numa geração (25 anos), com os desvios de conduta e a corrupção endêmica existentes em vários segmentos da população brasileira. Sem dúvida, é na educação e na cultura que se encontra o único caminho para o desenvolvimento democrático, econômico e social, abrangendo liberdade, justiça e paz. P.S- Boa leitura é aquela que se apoia em princípios éticos e morais. 

Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC