Jogos ilegais X empreendedorismo

No primeiro trimestre de 2024, o Brasil registrou uma taxa de desemprego de 7,9%, de acordo com o IBGE. Embora esse número represente uma melhora em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a taxa era de 8,8%, o cenário ainda é preocupante. Em meio a essa realidade, muitos brasileiros veem nos jogos de azar online, como o popular "jogo do tigrinho", uma maneira rápida de tentar alcançar a estabilidade financeira. No entanto, essa busca pelo dinheiro fácil esconde um problema maior: a falta de educação financeira e de uma base sólida de empreendedorismo.

O Brasil é um país de empreendedores. Em 2023, somamos 90 milhões de pessoas que já empreendem ou desejam empreender nos próximos três anos, segundo o Monitor Global de Empreendedorismo (GEM), realizado pelo Sebrae. Mas, apesar desses números, grande parte da população ainda carece de uma preparação adequada para entender as complexidades do mercado e as melhores formas de gerir um negócio. Sem essa base, muitos acabam vendo nas apostas uma solução temporária para os desafios econômicos que enfrentam, agravando a dependência em jogos de azar.

A falta de uma mentalidade empreendedora e de conhecimentos básicos sobre economia acaba por criar um ciclo vicioso. As pessoas se lançam em atividades de risco, acreditando que, com sorte, poderão transformar suas vidas rapidamente. No entanto, a realidade é outra: o vício em jogos online muitas vezes leva ao endividamento, problemas familiares e, em casos mais graves, à depressão. Essa tendência revela a necessidade urgente de investirmos em metodologias de ensino prático que ofereçam alternativas sustentáveis e saudáveis para a busca de autonomia financeira.

É nesse ponto que iniciativas como as da Junior Achievement Ceará se tornam fundamentais. Através de programas de capacitação empreendedora para jovens e adultos, oferecemos não somente competências necessárias para iniciar um negócio, mas também trabalhamos valores como persistência, planejamento e responsabilidade. Acreditamos que, com uma boa base educacional desde a escola, é possível não só criar novas oportunidades de emprego, mas também mudar a forma como os indivíduos lidam com suas finanças pessoais e empresariais.

 Ana Lúcia Teixeira  é diretora Executiva da JA Ceará