O novo ano começa e o Banco Central do Brasil sinaliza um cenário econômico de dificuldades e incertezas para o País.
O primeiro boletim Focus do BC no ano, indica uma tendência de dólar a R$6, crescimento do PIB cai para 2,02% e uma absurda taxa de juros a 15%.
O conjunto das previsões tem efeito direto na precarização das já cruéis condições de se empreender, de mais desindustrialização, de ampliação do nível de endividamento da população e, o pior, agravamento das condições de consumo dos mais vulneráveis, os mais impactados pelo aumento do preço do dólar, dos juros e da inflação.
Aqui no Estado do Ceará, há um agravante, em especial para o custo de vida das famílias. Desde 2024, o ICMS aumentou em 20%. Imposto que impacta diretamente no custo dos combustíveis, um dos mais altos do País, e indiretamente no custo da cesta básica cearense, hoje a mais cara do Nordeste frente ao salário mínimo.
Acrescentam-se alguns outros desafios econômicos, sociais e políticos que precisam ser conhecidos e debatidos pela população e, principalmente, enfrentados pelos governos.
Na dimensão econômica, a pujança da nossa Capital (hoje o maior PIB do Nordeste) é concentradora de mais da metade dos empregos gerados no Ceará.
Simultaneamente temos o fechamento de fábricas e o empobrecimento da economia no Interior, com poucas saídas e alternativas para o seu desenvolvimento. Isso tem gerado desigualdades ainda mais profundas.
Na dimensão social, o Ceará voltou a ocupar a “zona de rebaixamento” da pobreza no Brasil após um histórico de enfrentamento à pobreza rural e de melhoria de indicadores na saúde e na educação. Temos cerca de 48% da população vivendo em situação de pobreza (ganha até R$664,02 por pessoa ao mês). Isso faz do Ceará o terceiro estado com maior percentual de pobreza do País, na frente apenas do Maranhão e Acre.
Na dimensão política, a primazia dos conchavos sobre a governança pública tem gerado múltiplas ineficiências e, principalmente, um modelo de estado de custo impagável. Exemplo é o impressionante volume de obras federais e estaduais abandonadas e/ou inacabadas por falta de recursos. Exemplo da má gestão financeira são os 14 empréstimos já feitos pelo Governo do Estado em apenas dois anos. Boa parte para pagar dívidas antigas.
O Governo já está devendo R$10 bilhões para pagamento de empréstimos durante os próximos três anos. Entretanto, todas essas questões são possíveis de serem enfrentadas com a força de trabalho e a fé do povo cearense.
Mas é preciso uma nova concepção do papel da política e uma mudança no atual modelo de estado aqui no Ceará, priorizando a boa governança em detrimento do patrimonialismo, qualificando o gasto público e investindo com maior retorno econômico e social que estimule o empreendedorismo, construa projetos de consenso para o futuro do Estado, cercando-se de pessoas com mais espírito público, capacidade executiva e amor ao Ceará.