Eleições Municipais e Saúde

Na última semana, em um MBA de Gestão em Saúde, um aluno me fez uma pergunta que me fez refletir: “Professor, estamos em época de eleições municipais. Quais os desafios que os novos gestores terão em relação à saúde?” A pergunta é simples, mas a resposta é complexa e urgente.

O SUS, desde sua criação, tem sido uma conquista monumental para o Brasil. Com o passar dos anos, evoluiu significativamente, buscando descentralizar operações e fortalecer a regionalização e a participação popular. Isso permitiu que o poder e os recursos fossem distribuídos para os estados e, sobretudo, para os mais de 5.570 municípios.

Porém, o caminho do SUS não é isento de desafios. Um dos problemas mais persistentes é o subfinanciamento, agravado pela falta de uma política clara e sustentável para a alocação de recursos. Muitas vezes, a saúde é financiada por emendas parlamentares que não são utilizadas de maneira planejada e estratégica. Isso cria uma espécie de “cobertor curto”, onde não se consegue atender todas as necessidades com os recursos disponíveis. Essa realidade limita a capacidade de os municípios oferecerem atendimento de qualidade e de responder de forma ágil às necessidades da população.

Outra questão crítica é a desigualdade no acesso aos serviços de saúde. Mesmo com os avanços, muitas regiões ainda sofrem com a falta de acesso adequado a serviços básicos. Essa desigualdade não é apenas geográfica, mas também socioeconômica, onde os mais pobres têm menos acesso a tratamentos e cuidados de qualidade. A modernização da infraestrutura e a adoção de tecnologias emergentes, como a telemedicina, são urgentes para superar essas barreiras, especialmente em áreas rurais e periferias urbanas.

Um problema também recorrente é o aumento da incidência de doenças como a dengue e outras arboviroses, que se repete todos os anos.

Para os novos gestores municipais, o desafio é enorme. É necessário um compromisso verdadeiro com a saúde pública, garantindo que os recursos sejam bem aplicados e que cada real investido faça a diferença na vida das pessoas. Eles precisarão inovar para que possam tornar o atendimento mais ágil e eficaz, e, principalmente, precisam ouvir a população.

Álvaro Madeira Neto é médico sanitarista e gestor em Saúde