Bye bye, Censo 2021

O Censo Brasileiro de 2020, adiado para 2021 por conta da pandemia de coronavírus, foi mais uma vez prorrogado. O fato ocorre após redução nos recursos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O orçamento para o certame foi decrescido em 96%, de R$ 2 bilhões para apenas R$ 71,7 milhões, o que impacta diretamente na realização da pesquisa.

Vale ressaltar que o levantamento geraria mais de 200 mil empregos diretos através da seleção pública em andamento que já estava com editais publicados e foi cancelada após inviabilidade de realização diante dos cortes.

Essa ferramenta é de suma importância para colher informações sobre o contingente populacional, sendo uma completa e robusta fonte de informação que auxilia no conhecimento e entendimento das condições de vida das pessoas que vivem no Brasil, tanto nas zonas urbanas quanto rurais, nos 5.565 municípios brasileiros.

O Censo produz um panorama estatístico com um grande volume de dados acerca da população e das suas características socioeconômicas, possibilitando assim fundamentos para o planejamento público e privado da próxima década.

A prorrogação do recenseamento tem como pano de fundo uma grande crise nos órgãos públicos brasileiros, e dá o tom de como o governo atual tem dispensado ações estratégicas para a melhoria das condições de vida dos brasileiros. A presidente do IBGE Susana Cordeiro Guerra pediu exoneração diante da crise do Instituto, e o maior desafio do novo presidente é a realização do Censo 2021.

Óbvio, estamos em meio a uma pandemia global, e esse processo já seria previsto, pela segurança dos recenseadores e entrevistados. Mas a crise no IBGE extrapola a problemática do Censo. O órgão hoje vive um sucateamento e as pesquisas internas que estão em andamento contam inclusive com doação de insumos. Não se pode contar uma população dessa dimensão usando os dedos.

Parece haver uma aversão por tudo que é científico nas decisões do governo de Bolsonaro, um retrato fiel do descaso com a coisa pública. Estes números censitários poderiam ajudar até mesmo na gestão da pandemia e na criação de políticas públicas por trazer de forma precisa quantos são, onde moram e em que condições vive a população do Brasil.

Jonael Pontes
Sociólogo