Semear a cultura musical numa terra onde os esforços para germiná-la exigem perseverança e obstinação, como o Ceará, é ato de coragem. Apesar dos desafios, da luta para concretizar tal meta, os resultados do trabalho do maestro e instrumentista cearense Arley França são altamente positivos. Ele ama a música e a ela tem se dedicado intensamente. Fundou a Orquestra Contemporânea Brasileira, sediada em Fortaleza, que reúne músicos de grande qualidade.
É preciso enaltecer um trabalho tão maravilhoso! Infelizmente a falta de oportunidades para que músicos locais aqui permaneçam, dada a quase ausência de empreendimentos que lhes permitam exercer seu trabalho, é uma realidade. Muitos migram para outras capitais onde os horizontes lhes sejam mais favoráveis. Porém, a tenacidade do trabalho de Arley França tem sido frutífera, como no caso da orquestra que criou e que apresenta um repertório que mescla o clássico ao popular. O melhor de tudo é que as apresentações da Orquestra Contemporânea Brasileira têm repercutido bem junto aos apreciadores da música de qualidade, pessoas que valorizam as boas iniciativas do gênero e que têm prestigiado as apresentações.
Paralelamente à atividade como regente, Arley desenvolve no município de Pindoretama, próximo a Fortaleza, um projeto de formação de novos músicos junto aos jovens alunos da rede pública local. Isto, há vinte anos! E os frutos têm sido muito bons. No decorrer desse tempo, cerca de 1.500 desses jovens, número que corresponde a pouco menos de 10% da população do município, já passaram pela escola de música que ali funciona, sabendo tocar, pelo menos, um instrumento.
Ele é diretor artístico da Orquestra de Sopros de Pindoretama desde 1999, ano em que, com o apoio da então prefeita municipal, Regina Albino, iniciou o projeto. A dedicação do maestro cearense à arte musical, aliás, vem de longa data. No decorrer de sua carreira profissional, já criou e reestruturou bandas e orquestras infanto-juvenis em Fortaleza, bem como, além de Pindoretama, outros municípios, como Cascavel, Beberibe, Mulungu, Guaramiranga e Itapajé. Tudo isso, em pouco mais de vinte anos. E ele continua neste propósito, sendo constantemente convidado por prefeituras do interior para que implante novas orquestras ou cursos de música para a juventude. Não podemos deixar de ressaltar essa bela missão abraçada por Arley França! Discretamente, ele tem feito muito em prol da cultura musical cearense.
Gilson Barbosa é jornalista