A segunda onda da Covid-19

A pandemia da Covid-19, desde seu início, tem intrigado toda comunidade científica. Contudo, é quase unanimidade entre os pesquisadores que o lockdown ou isolamento rígido é uma das formas mais efetivas de evitar a propagação do vírus causador dessa infecção.

O contato com pessoas infectadas por qualquer tipo de vírus pode fazer com que outra pessoa se contamine ou não. Alguns terão um tipo de imunidade considerada inata, que o indivíduo nasce com ela e o organismo já tem defesas prévias. Já outros desenvolverão a doença de formas diferentes, uns de forma mais branda, outros de forma mais severa. A grande preocupação está nos casos mais severos, que causam mortes e podem colapsar os sistemas de saúde.

Com relação ao coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) não existe vacina que proporcione a chamada imunidade de rebanho e o lockdown seria a forma mais eficaz para que o vírus pare de circular em um território. Contudo uma imunidade de rebanho pode ocorrer à medida que a população vai sendo imunizada através do contato com o vírus.

As observações comportamentais da população de Fortaleza nos permitiu chegar à conclusão de que a adesão era bem diferente do isolamento promovido na Europa e Estados Unidos. Era como se estivéssemos promovendo, sem intenção, uma imunidade de rebanho parcial já que o comportamento local não permite um isolamento rígido. Chamo de imunidade de rebanho parcial porque não estávamos liberados para agir como quiséssemos como fez a Suécia.

A forma como a doença ocorreu em Fortaleza pode fazer com que uma possível segunda onda, proclamada pelos cientistas, caso venha a ocorrer, seja menos letal aqui do que nos países que promoveram o verdadeiro lockdown. As evidências científicas sobre o tema parecem que não serão consensuais em pouco tempo. Já que muitas são as suposições, fico na expectativa de que a minha com relação a Fortaleza esteja correta.

Danilo Lopes Ferreira Lima

Cirurgião-dentista e professor universitário