Mauro Benevides destaca legado da Carta Cidadã

Vice-presidente da Assembleia Nacional Constituinte, o ex-senador cearense discursou na sessão solene do Congresso Nacional pelo aniversário da Constituição de 1988

Ao discursar na homenagem aos 31 anos da Constituição Federal de 1988, realizada no último dia 29, o senador-constituinte e ex-presidente do Congresso Nacional, Mauro Benevides ressaltou o legado democrático refletido pelo Carta Cidadã. Mauro Benevides citou como principal personagem dos momentos que marcaram os trabalhos legislativos naquele período, o deputado Ulysses Guimarães, então presidente da Assembleia Nacional Constituinte, que teve o senador cearense como seu primeiro vice-presidente na Mesa Diretora.

Mauro Benevides ressaltou ainda a luta de todos os 559 parlamentares que assinaram a Carta, para que o Brasil alcançasse a almejada redemocratização e consequentemente restaurando a normalidade político-jurídico e institucional.

Ele destacou como conquista irrefutável da sociedade civil organizada, a aceitação das denominadas “emendas populares”, instrumentos apresentados por grupos de eleitores, devidamente qualificados pelo respectivo título. Reforçando esse aspecto memorável da Lei Maior, Mauro Benevides, com grande emoção e entusiasmo relembrou os instantes mais significativos do ato de promulgação, especialmente quando Ulysses Guimarães afirmou, com toda veemência: “Esta é a carta cidadã, que ninguém ouse ultrajá-la, pois ela encarna os anseios do povo brasileiro...”.

Com mais de 50 anos de trajetória na vida pública, Mauro Benevides alertou para a imperiosa necessidade de se defender os direitos impostergáveis contidos em nosso Documento Básico, segundo ele, estes “devendo ser esposados e propagados em todos os instantes, para que não se olvidem benefícios consagrados na renhida batalha constituinte”. Um dos autores do requerimento da homenagem, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) observou que a Carta Magna resultou de um pacto pela democracia que significou o fortalecimento da educação pública, a reafirmação da soberania nacional e a garantia das cláusulas pétreas.

"Esta é uma homenagem aos constituintes, um reconhecimento às suas trajetórias, mas também um momento de afirmação: cláusulas pétreas não podem ser rasgadas, nem a vontade do constituinte pode ser ignorada”, afirmou o deputado gaúcho. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), também constituinte, disse que a elaboração da Carta significou o atendimento às aspirações coletivas e individuais dos brasileiros, além da garantia de manutenção do Estado Democrático de Direito. Emocionada, a parlamentar lembrou do dia em que presidiu uma das reuniões da Assembleia Nacional e viu todos os segmentos do País representados no Plenário e nas galerias da Câmara dos Deputados.

Ao finalizar o seu pronunciamento, em nome de todos os constituintes, Mauro Benevides, fez novo alerta, também servindo de apelo: “Que ninguém se atreva a transgredir nossa Carta Magna, pois ela consubstancia os sonhos de gerações, acalentados pelo império das leis...”.

A sessão foi presidida pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), 2º secretário da Mesa do Congresso e contou com a participação de diversas figuras do cenário político, a exemplo do presidente José Sarney, além dos ex-senadores Albano Franco, Leite Chaves, Hugo Napoleão e Edison Lobão.

Presentes estiveram também enviados do MDB e da Fundação Ulysses Guimarães, representando o deputado Baleia Rossi dirigente da sigla e o secretário-executivo da Entidade de estudos políticos, João Henrique Sousa, ex-ministro dos Transportes.