Fazenda reduz projeção para alta do PIB de 2023, de 2,1% para 1,61%

A estimativa anterior havia sido feita no governo passado. Pelas novas projeções, o PIB deve aumentar a partir de 2025

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Moedas e cédulas e gráfico mostrando elevação financeira
Legenda: Um dos motivos para a projeção de alta menor do PIB este ano é o alto endividamento da população.

Na primeira rodada de projeções para os principais indicadores econômicos do País, o Ministério da Fazenda reduziu o otimismo para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e estimou crescimento de 1,61%. Mesmo assim, a pasta manteve as expectativas para o desempenho da atividade neste ano em um patamar bem superior ao do mercado.

Conforme a grade de parâmetros divulgada nesta sexta-feira (17) pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade passou de 2,1% para 1,61%. A projeção anterior havia sido feita no governo passado.

As estimativas são utilizadas na confecção do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que será divulgado na próxima quarta-feira (22).

Redução percentual

Segundo o Boletim Macrofiscal, a redução de 0,49 ponto porcentual deve-se ao arrefecimento na margem dos indicadores econômicos divulgados desde o documento anterior e também aos efeitos defasados mais intensos da política monetária sobre a atividade e mercado de crédito do que o anteriormente projetado.

"As perspectivas de liquidez reduzida nos EUA e em outras economias também colaboraram para a revisão da projeção anterior", apontou a SPE.

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Endividamento

O ministério informou também que a desaceleração deve ocorrer tanto no setor de serviços quanto na indústria. Além disso, citou o alto nível de endividamento da população como razão para a alta menor do PIB.

"O elevado endividamento e comprometimento de renda da população deve afetar o ritmo das atividades no setor de serviços, apesar das medidas de proteção social previstas (elevação real do salário-mínimo, maior faixa de isenção de IR e os novos programas Bolsa Família, e Desenrola)", afirmou o órgão.

Inflação mais alta

A Fazenda anunciou, também, que revisou para cima a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023. De acordo com a nova grade de parâmetros, a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 4,60% para 5,31%. Para 2024, a projeção, porém, é de 3,52%.

No documento, a SPE argumenta que a revisão foi motivada pelo aumento na projeção de preços monitorados, apenas parcialmente contrabalanceada pela desaceleração esperada na inflação de alimentação no domicílio e de bens industriais. "A partir de 2025, espera-se convergência do IPCA para a meta de 3%", completou a secretaria.

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 5,96% em 2023 e de 4,01% em 2024. Todas as projeções para a inflação em 2023 estão bem acima do teto da meta deste ano, de 3,25%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 1,75% a 4,75%). No caso de 2024, a meta é de 3%, com margem de 1,5 ponto (1,50% a 4,50%).

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Projeção de crescimento

O ministério também reduziu as projeções de crescimento da economia de 2024, de 2,50% para 2,34%. Já para 2025, o prognóstico aumentou de 2,50% para 2,76%. Para 2026, a estimativa passou de 2,2% para 2,42%. E para 2027, a projeção anunciada nesta sexta é de 2,49%.

A alta de 1,61% prevista para este ano repercute, segundo a SPE, a aceleração no setor agropecuário e o arrefecimento na Indústria e em Serviços. Para o período de 2024 a 2027, a expectativa é de crescimento médio ao ano de 2,5%.

"Essa expansão se baseia nos planos de investimento e nas oportunidades que podem ser exploradas com a transição para uma economia verde e sustentável", salientou a SPE.

A secretaria também credita a expansão às reformas que serão implementadas ainda em 2023, como fiscal e tributária, com potencial de reduzir de forma estrutural a taxa de juros no Brasil.

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram uma alta de apenas 0,89% para o PIB de 2023. Para 2024, a estimativa no Focus é de alta de 1,50%. As estimativas de mercado para os anos de 2025 e 2026 estão em 1,80% e 1,98%, respectivamente.

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