Vontade de mudar de vida estimula empreendedorismo

O governo federal prevê que, neste ano, sejam formalizados mais de 83 mil trabalhadores autônomos a cada mês no País. O crescimento deverá ser puxado pelas facilidades criadas para estimular os novos negócios

Há uma década, quando se pensava nas principais ambições dos brasileiros, três sonhos despontavam: ter uma casa própria, comprar um carro e viajar para o exterior. Com o aumento da renda da população e as mudanças recentes que objetivaram impulsionar a economia do País, um desejo que antes se limitava a uma parte relativamente pequena da população hoje figura entre os principais desejos daqueles que pretendem mudar de vida: empreender.

A vontade de criar o próprio negócio existe não apenas entre quem está insatisfeito com o emprego atual e pretende fugir da pressão excessiva, más condições de trabalho ou baixa remuneração. Em turmas de faculdade ou mesmo de ensino médio, são comuns os casos de estudantes que, mesmo sem experiência profissional, querem se tornar empreendedores.

Entre os principais motivos para essa mudança de perspectiva, estão as facilidades criadas pelo governo federal para estimular novos negócios e a formalização dos trabalhadores autônomos. Apenas para o programa Microempreendedor Individual (MEI), a Secretaria da Micro e Pequena Empresa prevê uma média mensal de 83.439 novas inscrições neste ano.

Para o articulador da Unidade de Gestão Estratégica, Orçamento e Contabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae/CE), Marcos Venícius Gondim, o próprio contexto econômico dos últimos anos favoreceu a criação de novos empreendimentos.

Mais crescimento

"Hoje, ter o próprio negócio já é o terceiro sonho do brasileiro, ficando atrás só da casa própria e das viagens", aponta.

Mesmo com a previsão de uma série de medidas que deverão frear o ritmo da economia neste ano, o articulador acredita que o número de empreendedores deve continuar crescendo a uma velocidade semelhante à do ano passado.

"Essa curva (de crescimento) não deve ser afetada já de forma tão significativa agora. Vai demorar um pouco mais pra absorver as mudanças", destaca.

Segundo Gondim, a taxa de sobrevivência das empresas cearenses - medidas de dois a três anos após a criação delas - é hoje de 75%. Dez anos atrás, compara, esse índice não chegava a 50%. De acordo com o articulador, além do cenário econômico favorável, o maior grau de escolaridade dos empreendedores, principalmente entre os mais jovens, contribuiu para o maior índice de sucesso das empresas.

Apesar dos avanços, ressalta, o excesso de burocracia, sobretudo no processo de abertura e cancelamento de empresas, e a dificuldade para conseguir financiamento permanecem como desafios que o poder público terá para o os próximos anos, caso mantenha entre as prioridades o apoio ao empreendedorismo.

João Moura
Repórter