O esforço dos lojistas cearenses para garantir parte do faturamento durante as restrições de funcionamento impostas pelo Governo do Estado parece ter reduzido levemente o ritmo de queda no volume de vendas em maio. Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará registrou uma redução de 31,3% nas vendas em relação ao ano passado, contra queda de 35,9% observada em abril.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, aponta que a redução no ritmo de queda é reflexo das vendas online, principal alternativa utilizada para manter minimamente o faturamento. "O comércio reagiu, é uma reação natural procurar alternativas. E isso prova que alguns segmentos tiveram resultados extraordinários, embora o número (de queda) ainda seja muito expressivo", afirma.
Ele ainda pontua que o mês de maio teve a segunda melhor data para o varejo, o Dia das Mães, também contribuiu para a retração menos acentuada que em abril. "Foi bem aquém do que teríamos normalmente, mas ajuda, não deixa de influenciar".
Impacto menor
O conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Ricardo Eleutério, ressalta que o terceiro trimestre deste ano será o pior para a economia mundial, brasileira e também para a cearense, mas afirma que o impacto da pandemia no Estado terá menor intensidade do que o projetado para o Brasil.
"Nós trabalhamos com três cenários diferentes para o PIB (Produto Interno Bruto): pessimista, provável e otimista. No cenário provável, o PIB do Brasil sofre declínio de 6,5% nesse ano, enquanto o PIB do Ceará deve declinar 4,9%. É diferente de outros anos, quando o PIB cearense costumava sofrer em intensidade maior do que o PIB nacional", explica .
Ele ainda afirma que a leve redução no ritmo de queda entre abril e maio demonstra o uso bem-sucedido de ferramentas que possibilitem compras a distância e também uma provável recuperação mais fácil no Estado, mesmo com duras medidas de restrição de circulação de pessoas.
O resultado de maio no Ceará ainda foi o segundo pior do Brasil, atrás apenas do Amapá (-38,7%). O conselheiro do Corecon-CE atribui a desvantagem ao isolamento social. "Os outros estados tinham algum tipo de flexibilização. A nossa abertura responsável se dá apenas a partir de junho, o que explica esse tombo tão significativo da atividade", diz.
Cordeiro ainda pontua que, a partir de junho, os indicadores devem melhorar.