O Ceará encerrou o ano de 2021 exportando mais de US$ 178 milhões em frutas. O resultado coloca o Estado como a terceira principal porta de saída desses produtos, atrás apenas de Pernambuco (US$ 244 milhões) e da Bahia (US$ 191 milhões).
Em volumes, as vendas para o mercado exterior através do Ceará alcançaram 138,7 mil toneladas. A expectativa para 2022 é de crescimento continue e é esperado, inclusive, um incremento de 3 a 5% no novas vagas de empregos do setor.
As informações foram divulgados pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
Confira a lista dos maiores exportadores de frutas em 2021:
- Pernambuco US$ 244 milhões
- Bahia US$ 191 milhões
- Ceará US$ 178 milhões
- Rio Grande do Norte US$ 167 milhões
- São Paulo US$ 160 milhões
- Rio Grande do Sul US$ 79 milhões
- Pará US$ 49 milhões
- Santa Catarina US$ 34 milhões
- Espírito Santo US$ 31 milhões
- Paraná US$ 18 milhões
Em números nacionais, houve um crescimento de 20% no valor exportado em relação a 2020, alcançando a marca de US$ 1,06 bilhão. A cifra é referente a 1,2 milhão de toneladas enviadas para o mercado internacional, alta de 18%.
A valorização do dólar e do euro frente à moeda brasileira foi o principal incentivador da maior destinação da produção nacional ao exterior, segundo a associação.
Além disso, a distribuição das chuvas no País em 2021 favoreceu as colheitas, aumentando a produtividade, especialmente das culturas que já são voltadas para a exportação.
A pandemia também teve contribuição para o resultado, uma vez que a busca por aumentar a imunidade elevou a demanda por alimentos saudáveis, repercutindo na venda de frutas no mercado interno e externo.
Confira os produtos mais enviados para o exterior:
- Manga US$ 248 milhões (272,5 mil t)
- Melão US$ 165 milhões (257,9 mil t)
- Uva US$ 156 milhões (76,6 mil t)
- Limão US$ 123 milhões (145 mil t)
- Conservas e preparações de frutas US$ 96 milhões (54,5 mil t)
- Maçã US$ 73,8 milhões (99 mil t)
- Melancia US$ 52,7 milhões (118 mil t)
- Mamão US$ 50,7 milhões (50,2 mil t)
- Banana US$ 37 milhões (108,7 mil t)
- Outras frutas US$ 21,6 milhões (9,2 mil t)
Crescimento deve continuar em 2022
O diretor institucional da Abrafrutas e sócio da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, avalia o ano de 2021 como positivo no geral após crescimento dos envios tanto no Brasil quanto no Ceará. Ele ainda acredita que os números continuem em ascensão em 2022.
"A expectativa é aumentar esses números em 2022, até porque o câmbio está bem favorável, o que incentiva as exportações. Temos novos mercados que estão começando a comprar mais frutas, como Rússia, Estados Unidos e Ásia. E estamos com novas técnicas para aumentar a produção", afirma.
A expectativa de uma melhor quadra chuvosa no Estado este ano também eleva as expectativas, assim como a chegada das águas do Rio São Francisco através da Transposição, dando maior segurança hídrica ao setor.
"(A transposição) Nos dá a chance de pensar em incrementar áreas de plantio no Estado", ressalta Barcelos.
O especialista na área de comércio exterior e CEO da FTRADE, Zakaria Benzaama, também projeta um crescimento para 2022, mas alerta que alguns fatores devem ser monitorados pelos exportadores.
"Vai ser necessário monitorar, pois já se especula aumento do frete marítimo na questão de exportação de contêineres. Há dúvida também se vai haver equipamento, se o frete vai compensar, fora a questão da pandemia".
Segundo Benzaama, o estado também deve visualizar a criação de novas vagas para o setor, com novos terminais sendo construídos na área de Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE). "Isso vai trazer emprego, renda e uma visibilidade enorme para o Ceará dentro do cenário do comércio exterior", afirma.
A projeção, conforme Barcelos, é de um incremento de 3 a 5% no número de vagas do setor para este ano. "Estamos dependendo da criação de novos mercados, esse número ainda pode aumentar caso se concretizem".
Fatores de impacto
Barcelos ainda comentou variáveis que podem interferir na performance da fruticultura em 2022. Diferente da maioria dos setores, a incerteza política em ano eleitoral não deve prejudicar o desempenho.
Isso porque, como o foco é exatamente o mercado internacional, as relações não seriam abaladas. Barcelos ainda pontua que a instabilidade pode até aumentar a cotação do dólar, movimento benéfico para exportadores.
"Mas temos uma questão que nos preocupa hoje que é a logística. O frete marítimo está muito mais caro. Algumas coisas estão atrasando e isso gera problemas", revela.
A dependência do modal rodoviário é outro gargalo que gera apreensão. A alternativa, a cabotagem - transporte de carga entre portos de um mesmo país - ainda não é muito difundida, o que dificulta, por exemplo, a chegada dos produtos em países vizinhos, como Chile e Argentina.