Os 25 supermercados do Grupo São Luiz ainda estão bastante concentrados na área nobre de Fortaleza, mas a expectativa é de, até 2025, expandir as bandeiras da empresa, sobretudo a Mercadão, para demais pontos da Capital, além de incrementar a presença do supermercadista no interior do Estado.
Até o ano que vem, estão previstas as aberturas de 11 lojas do São Luiz, sendo sete da bandeira Mercadão e quatro Mercadinhos. No total, serão 100 empregos diretos em cada unidade, totalizando 1,1 mil novas vagas em todo o Ceará.
As projeções foram compartilhadas por Severino Ramalho Neto, diretor-presidente do grupo, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste. Fortaleza deve receber a maioria das unidades do Mercadão, sendo três delas ainda em 2024, enquanto somente uma unidade do Mercadinho será aberta, na Avenida Abolição, na Praia de Iracema.
Além dos já anunciados, Ramalho Neto destaca como novidade uma unidade do Mercadão no Eusébio. A previsão é de que a loja seja inaugurada em 2025, mas o projeto ainda está "em desenvolvimento", como define o diretor-presidente do grupo, e pode passar por alterações.
Ramalho Neto confirmou que estão previstas seis novas lojas do Mercadão São Luiz neste ano, mas conforme adiantado pelo Diário do Nordeste, o grupo deve abrir uma sétima unidade, na Avenida Borges de Melo, no bairro Parreão, em Fortaleza.
Com as inaugurações previstas, a expectativa é de que o Grupo São Luiz mais do que dobre, em 2024, a atual quantidade de Mercadões existentes no Estado: cinco ao todo, sendo três em Fortaleza (Dunas, RioMar Kennedy e Av. Washington Soares) e um no Crato — o primeiro da bandeira no Ceará — e outro no Maracanaú, inauguração mais recente da empresa.
Embora esteja em segundo plano nas inaugurações, o Mercadinho é o principal responsável pela operação da empresa. Ao todo, são 19 lojas da bandeira, sendo a maioria delas na capital cearense. Crato, Eusébio, Juazeiro do Norte e Porto das Dunas concentram outras unidades.
Mudanças aceleradas de mercado
No mais recente ranking divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o São Luiz figura como a segunda maior rede supermercadista do Ceará, atrás apenas do Cometa Supermercados. O faturamento do grupo, em 2023, foi de cerca de R$ 1,35 bilhão, puxado principalmente pelas mudanças na tradicional bandeira de Mercadinho, já consolidada para o consumidor.
A bandeira Mercadão é, atualmente, a responsável pela expansão do São Luiz tanto em Fortaleza quanto em demais cidades, como Maracanaú e Crato, que já contam com estabelecimentos do gênero. Segunda marca mais nova do grupo, Ramalho Neto afirma que o modelo dela surgiu como uma espécie de "empreendedorismo de necessidade" quando, em três anos, três atacarejos abriram estabelecimentos no Cariri.
"Um atacarejo foi inaugurado em 2009, e no ano seguinte, inaugurou um Assaí. No outro ano, um Maxxi Atacado. Ficamos em uma região onde estávamos praticamente sós. Entraram três atacados multiplicando por 100 o metro quadrado disponível para o cliente. Isso fez com que a nossa loja do Crato encolhesse. A gente sabia que o nosso produto para aquela concorrência e aquele público não fazia sentido, precisávamos nos reinventar. Aí nasceu o Mercadão. Nasceu de uma necessidade que falasse a linguagem objetiva do consumidor daquela região em que estávamos presentes", pontua.
A estratégia do Grupo São Luiz, como explica o diretor-presidente, foi converter a loja no Cariri para Mercadão, em meados dos anos 2010, em um modelo intermediário entre o supermercado tradicional e o atacarejo, que não encontra parâmetro no mercado local.
O Mercadão é uma loja preparada para dar descontos, como outlets e atacarejos. É uma loja de sortimento limitado, que busca volume, foi exatamente essa a nossa forma. Diminuímos a quantidade de itens, aumentamos a quantidade de mercadorias para o cliente perceber um valor naquilo que ele estava buscando, na verdade, o preço. Fizemos também pelo desenvolvimento desse modelo.
Ramalho Neto acrescenta que o formato do Mercadão pode ser aplicado em qualquer bairro de Fortaleza, assim como em qualquer cidade do estado, diferente do Mercadinho, focado em áreas mais nobres, contribuindo para a melhor disposição geográfica e posicionamento estratégico da marca no segmento supermercadista cearense.
"Desenvolvemos um produto que pode estar em toda Grande Fortaleza. Inauguramos em Maracanaú, ainda temos outro Mercadão no Eusébio, vamos inaugurar na Caucaia. O Mercadão abre também o interior do Estado. O modelo que estamos levando para Sobral (Mercadinho) é o mesmo que foi aplicado em Juazeiro do Norte. Temos duas lojas do Mercadinho lá, vamos abrir provavelmente esse ano mais uma loja do Mercadão e duplicamos a loja do Crato", prospecta.
Mini: retorno às origens
Enquanto se expande com força no Mercadão, mas mantém as aberturas de Mercadinho, o São Luiz investe em uma terceira bandeira: o Mini. Atualmente, há apenas uma loja do segmento, nas proximidades da Avenida Beira-Mar, na Praia de Iracema, e é focado em mercado de conveniência, como supermercado de proximidade.
Trata-se da primeira grande cearense do setor supermercadista a investir no setor, que cresce exponencialmente no Centro-Sul do Brasil com bandeiras locais e internacionais. Para Ramalho Neto, isso representa a mudança nos hábitos dos consumidores, que necessitam de soluções mais personalizadas.
Além disso, o investimento na bandeira Mini, que seguirá — pelo menos por enquanto — como a única do São Luiz por se tratar de um modelo experimental, remonta ao início das operações do grupo, como pequeno mercadinho de bairro há 98 anos.
"Não somos nós quem mudamos, é o consumidor, e temos que ter o produto certo para eles. A entrada do atacarejo, praticamente a substituição dos hipermercados. O varejo tenta se encaixar nas novas necessidades do consumidor, e dentro das grandes cidades, a proximidade passa a ser um fator decisório, com os supermercados e as lojas de conveniência. É um modelo que cresce muito", aponta.
É um mercado que não pode ser negligenciado e estamos desenvolvendo o produto, que é o Mini. É o mercado de proximidade, que olha para os quarteirões em volta. O Mini nada mais é do que voltarmos à nossa origem de mercadinho, que nasceu exatamente assim, em um posto de combustíveis. Era um mercadinho, mas foi crescendo e mantivemos a marca pela identidade com o cliente.
Questionado sobre a possibilidade de se tornar a maior rede em faturamento no Estado, o diretor-presidente do São Luiz afirmou que não existe a pressão para tornar essa meta uma realidade, mas sim para continuar mantendo os bons indicadores de produtividade.
"Temos a expectativa — e somos — a rede mais produtiva. Não é por vaidade, mas sim por necessidade. Nosso metro quadrado vende mais, nosso funcionário vende mais. Esse é um indicador que usamos constantemente para que nos oriente e nos mova. Temos que ter uma produtividade acima do mercado", declara.