Rota para Ásia deixará o Pecém mais competitivo

Durante apresentação do serviço, executivos prometeram taxa de frete de exportação igual à de Santos

Escrito por
Samuel Quintela Repórter producaodiario@svm.com.br

A parceria que irá operar a nova rota marítima direta para a Ásia, saindo do Pecém, quer tornar o porto cearense tão competitivo quanto a unidade portuária de Santos, em São Paulo. Durante o evento de apresentação do serviço, que será operado pela Maersk Line, a Hamburg Süd e a APM Terminals, a equipe de executivos prometeu que pelo menos a taxa de frete por exportação no Pecém será igual à de Santos, que é, atualmente, cerca de U$ 1.000 mais barata.

A cerimônia foi realizada na manhã dessa quarta-feira (28), no auditório do Bloco de Utilidades (BUS) do Porto do Pecém, e contou com a presença de vários empresários. O objetivo dos executivos da parceria era fornecer o máximo de informações possível para que novos acordos e negócios fossem fechados para importação e exportação a partir do Pecém.

No entanto, além do detalhamento da taxa do frete de exportação, comentada pelo gerente no Nordeste da Hamburg Süd, Norbert Bergmann, outras informações não foram fornecidas. Todo o planejamento do impacto econômico para o Estado deverá sair apenas após os primeiros seis meses de operação, enquanto os dados sobre redução de custos para a nova rota, em comparação com o modelo antigo, ainda não foram consolidados.

Bergmann, contudo, deixou bem claro que o novo serviço, intitulado de AC5, deverá gerar uma economia média de 10 a 15 dias nos deslocamentos de carga para os destinos asiáticos, que incluem as cidades de Cingapura; Hong Kong; Busan, na Coreia do Sul; e Xangai, Ningbo, e Xiamen, na China.

"Vai ser uma grande economia de transit time, e tempo é dinheiro. Quanto mais rápido essas cargas chegarem à Ásia, mais tempo os empresários terão para negociar os produtos. Com relação aos custos, o frete marítimo não é necessariamente a chave do negócio, mas estamos trabalhando para colocar o Pecém em um patamar competitivo com os Portos do Sudeste e do Sul do País", disse Bergmann.

Segundo o representante no Nordeste da Hamburg Süd, o estudo para a precificação do novo serviço deverá ser finalizado entre os meses de março e abril deste ano. A empresa deverá usar a chegada do primeiro navio vindo da Ásia pela rota para reunir dados e gerar relatórios para planejamentos futuros.

Contudo, dentro da análise das companhias da parceira, está a identificação de que a nova rota deverá assimilar demandas de estados do Norte e do Nordeste do País, principalmente do mercado frigorífico de Manaus. "O Pecém vai se tornar um ponto hub para toda a importação para Manaus e para o Norte, que vem sendo roteado por outras rotas. O Pecém também deve substituir pontos no Caribe para redistribuir essas cargas", ponderou.

Mercado

Já para o mercado estadual, segundo a executiva de contas da Maersk Line, Érika Campelo, o setor que deverá receber o maior impulso é o da fruticultura, que pode ter um incremento de 100% nas estatísticas de exportação e importação. Uma das razões pelo aumento considerável é que as negociações reabriram a possibilidade mercado de frutas com a China, que mantinha um embargo para o Brasil.

"A economia para as empresas dependerá muito do segmento. Mas esse serviço abre muito o potencial para novos negócios, e o mercado de frutas deverá ter um grande impacto, já que teremos a reabertura do mercado na China, que antes não se existia a possibilidade", disse Campelo.

Reflexo

Segundo presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), Danilo Serpa, a nova rota semanal deverá refletir as estatísticas do porto, que teve, em 2017, 76% da movimentação voltada para importação. "Essa linha vai trabalhar mais com importação, mas deverá abrir novos negócios, como as possibilidades para o mercado de frutas", analisou Serpa.