Quando os carros populares vão ficar mais baratos no Brasil?

O Governo Federal lançou, nesta quinta-feira (25), um programa para reduzir o valor dos carros populares

Lançado nessa quinta-feira (25), o programa para baratear carros populares deve começar a ser posto em prática somente a partir de 8 de junho. A promessa é de que o Ministério da Fazenda informará como será o repasse dos descontos tributários para as montadoras em até 15 dias, a contar do dia do anúncio. 

Para a redução chegar ao consumidor final, todavia, ainda não há previsão. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o projeto prevê descontos de 1,5% a 10,8% para automóveis de atém R$ 120 mil, sendo o maior percentual aplicado aos bens de menor valor. 

A meta é baixar, sobretudo, o custo médio desse tipo veículo para o consumidor final, caindo de R$ 70 mil para R$ 60 mil. Para isso, haverá a diminuição das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).

Segundo o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-Ceará), Lewton Monteiro Júnior, a entidade acompanha o projeto para implementar “com maior brevidade e eficiência” as medidas.

Entretanto, ainda necessário esperar a publicação oficial para detalhar sobre os modelos que serão englobados e os prazos. 

“Esses pontos dependerão muito da forma que o programa será implementado. O que se procura fazer é uma composição do produto para consegui colocar o maior desconto para o menor valor, facilitando o acesso para a população ter o primeiro veículo”, aponta. 

Outro ponto, acrescenta, é ainda não haver clareza se os carros contemplados com o incentivo já são os produzidos ou se haverá necessidade de fabricação ou adaptação dos automóveis para cumprir as exigências do governo. “Mas a indústria tem capacidade para cumprir as determinações e de uma forma que não leve muito tempo”, afirma. 

“Quando o programa estiver implementado, a nossa expectativa de vendas para o mercado do Ceará é maior do que a do restante. Historicamente, sempre tivemos uma alta participação na venda de veículos populares e somos sensíveis aos preços do produto”, projeta.  

O que esperar dos preços dos carros populares?

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse que cada montadora tem sua política.

“Pelos números que vêm sendo apresentados, é muito possível termos preços abaixo de R$ 60 mil. Com as reduções tributárias em discussão e o esforço conjunto de todo setor, é bem possível que tenhamos queda nos preços”, estimou.

O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Ricardo Coimbra, lembra que a cadeia automobilística é extensa, passando não apenas pela montagem, mas pela aquisição de componentes importados. 

“Ao criar um mecanismo ou alguma estruturação para financiar o segmento, pode haver melhora do preço final para o consumidor e manter o setor em atividades”, observa. 

“Esse segmento vem sofrendo de forma significativa com a taxa de juros num patamar bastante elevado, situação que vem dificultando o ciclo de venda não só dos veículos novos, mas também dos usados. Essa é uma alternativa que o governo está tendo pra tentar mitigar esse problema”, complementa. 

O economista pondera, no entanto, ser preciso avaliar as medidas no longo prazo, com a modernização do investimento em recursos alternativos. Dentre eles, carros elétricos e movidos a hidrogênio verde. O projeto tem sido alvo de críticas por não estar em consonância com as pautas ambientais, urbanas e não priorizar a indústria nacional. 

O Diário do Nordeste solicitou mais detalhes do programa ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e aguarda retorno.