A energia elétrica ficou 7,82% mais cara nos primeiros 10 meses deste ano, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), de acordo com o Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Diante da alta, o custo do serviço impactou significativamente o orçamento familiar dos cearenses, com um peso médio de 4,6% nas despesas mensais. Nesse contexto, a incerteza sobre o retorno da bandeira tarifária verde preocupa.
Afinal, desde setembro, os consumidores brasileiros têm sido impactados pelas mudanças na tarifa mais cara. Neste mês de novembro, com o aumento das chuvas, saiu da bandeira vermelha para a amarela.
Recentemente, o Governo Federal anunciou que espera o retorno da bandeira verde, durante o Boletim Macrofiscal, do Ministério da Fazenda. A decisão, contudo, é da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e será anunciada em dezembro. Abaixo, veja o que dizem especialistas sobre o assunto.
O que esperar das bandeiras no fim do ano e em 2025
Segundo o engenheiro de energias renováveis e gestor na Energo Soluções, o Ceará desponta como protagonista no mercado de energia renovável, mas também enfrenta desafios significativos relacionados ao custo da energia elétrica. Portanto, o cenário ainda é incerto, dependendo de uma combinação de fatores locais, nacionais e globais.
Por exemplo, se houver irregularidade das chuvas, a pressão sobre os reservatórios hidrelétricos pode continuar a elevar os custos. Seria necessário o cenário hídrico brasileiro "melhorar bastante" para a bandeira verde voltar.
Além disso, aponta, mesmo com o Banco Central tentando controlar a inflação no Brasil, dificilmente a alta dos preços ficará abaixo do teto da meta.
“Isso porque a situação hídrica do País, mesmo com a recuperação de alguns reservatórios nos últimos meses, ainda é crítica”, avalia.
Nesse cenário, aponta Muniz, o custo da energia elétrica no Ceará permanecerá sujeito a ajustes regulatórios e tarifários, como todo o País.
O economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor ), Ricardo Coimbra, reitera que as questões climáticas definirão o cenário, mas pondera que pode haver o retorno da bandeira verde ainda neste ano.
“Há expectativa de que a bandeira tarifária verde seja reestabelecida em dezembro de 2024 e permaneça, no mínimo, até maio de 2025. No entanto, essa previsão está condicionada ao volume de chuvas, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste, que são cruciais para a geração de energia elétrica”, esclarece.
Por que a conta de luz ficou mais cara
Segundo Tomás Muniz, os prolongados períodos de seca que o Brasil enfrenta têm sido o principal fator desencadeante da inflação da energia elétrica.
Essa situação gera um efeito cascata, impactando negativamente toda a cadeia produtiva e resultando em um aumento generalizado dos preços de bens e serviços, como alimentos e combustíveis.
"O Brasil é muito dependente das hidrelétricas, por isso, nas crises hídricas, há um maior uso das termelétricas, que são mais caras", explica.
Cenário positivo para o mercado de energia
Para Tomás Muniz, apesar dos desafios atuais, o mercado cearense de energia apresenta um cenário promissor para 2025, contribuindo com a transição energética no Brasil.
Ele enumera que o Estado pode se destacar com o crescimento das fontes renováveis, a expansão da infraestrutura elétrica, a maior adesão ao mercado livre de energia e o avanço dos projetos de hidrogênio verde, consolidando sua posição como referência nacional e internacional nesse setor.
Entenda o sistema de bandeiras tarifárias
Implementado em 2015, o Sistema de Bandeiras Tarifárias foi criado para informar os consumidores sobre os custos variáveis da geração de energia no Brasil.
O mecanismo reflete a disponibilidade de recursos hídricos, o desenvolvimento de fontes renováveis e o acionamento de fontes mais caras, como as termelétricas.
Veja o que significa cada cor e quanto custa:
- Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo;
- Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,01885 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;
- Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,04463 para cada quilowatt-hora kWh consumido;
- Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,07877 para cada quilowatt-hora kWh consumido.