O produtor de Mato Grosso Gianni Brunetta afirma ter investido mais de R$ 100 milhões para cultivar algodão no Ceará. O valor inclui maquinário, preparo do solo e um terreno de 3 mil hectares comprado em Araripe, no Cariri cearense. A produção da fibra vegetal está prevista para iniciar em até três anos.
Brunneta é diretor do Grupo Itaquerê, que já produz algodoeiros e outras culturas agrícolas na Região Centro-Oeste. “Estamos há dois anos conhecendo a Chapada do Araripe. Agora, compramos uma área ali”, explicou, durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão, na manhã desta terça-feira (3), em Fortaleza.
Conforme o produtor, os testes realizados em solo cearense demonstraram haver condições propícias. “Estamos apostando em uma boa produtividade, não menor do que a média nacional, de cerca de 350 arrobas por hectare”, estimou. A medida é o equivalente 5.250 quilos de algodão.
Inicialmente, serão cultivados grãos e outros produtos agrícolas no terreno. Após obter mais conhecimento sobre as características locais, o investidor iniciará a plantação de algodoeiros.
Produção de algodão no Ceará
O Ceará já foi um grande produtor de algodão até os anos 1980, quando chegou a ser o principal do País. No entanto, a praga do chamado bicudo-do-algodão devastou plantações em solo cearense, levando muitos agricultores a abandonar a cultura.
Um dos principais diferenciais do Estado é abrigar um dos maiores polos têxtil do Brasil. De olho na retomada desse mercado, o governo se prepara para atrair mais produtores.
Segundo o secretário executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), Sílvio Carlos, nesta quarta-feira (4), será lançado um programa para alavancar essa cultura, com foco em agregar valor à mercadoria cearense.
“Produzimos um algodão de fibra longa, nós temos muito sol e maior de qualidade desse produto, podendo ser muito valorizado, sem precisar de grandes extensões de terra, como no Mato Grosso. Podemos focar em uma marca”, explicou, destacando a ambiência no Estado.
Entre as vantagens, apontou, está a infraestrutura local, com a ferrovia Transnordestina e Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza.