O Silicon Valley Bank (SVB), banco norte-americano financiador de startups, foi fechado pelas autoridades americanas, nessa sexta-feira (10), em Menlo Park, na Califórnia. O objetivo foi proteger os depósitos dos clientes, mas a instituição bancária irá reabrir já na segunda-feira (13).
O fechamento do banco acendeu o temor de contágio dos problemas dessa entidade financeira para o restante do setor bancário.
.Isso porque o O SVB é a primeira instituição com depósitos garantidos pela corporação federal a quebrar desde 2020, segundo a FDIC. Trata-se, também, da maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise de 2008 em volume de ativos
Por que o Silicon Valley Bank (SVB) faliu?
O banco, que trabalha com o setor tecnológico desde a década de 1980, ficou, surpreendentemente, sem liquidez. O Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia (DFPI) fechou o SVB e nomeou a Corporação Federal de Seguro de Depósitos (FDIC) como depositária dos fundos do banco.
O DFPI “tomou posse do Silicon Valley Bank, alegando liquidez inadequada e insolvência”, conforme a agência californiana. As 17 agências do banco reabrirão na segunda-feira sob o controle de uma nova entidade, criada especificamente pela FDIC para administrar as operações da instituição.
Como vão ficar os clientes do banco?
A curto prazo, os clientes poderão sacar até US$ 250.000 (cerca de R$ 1,3 milhão). Aqueles com mais dinheiro no banco, a grande maioria, foram convidados a entrar em contato com a FDIC.
A situação gera temor entre os investidores de que outros bancos possam ter problemas, em meio à escalada dos juros para conter a inflação.
A decisão das autoridades protege o patrimônio dos clientes e permite ganhar tempo, a fim de encontrar potenciais compradores para os ativos da entidade em falência.
Como o SVB atuava?
O Silicon Valley Bank (SVB) era um banco californiano especializado no setor de tecnologia que tinha negócios principalmente com fundos que investem em empresas não negociadas em bolsa. Pouco conhecido do público, era o 16º banco americano em tamanho de ativos.
A instituição, que operava em Estados Unidos, Europa, Ásia e Israel, oferecia serviços financeiros, entre outros, para start-ups, desde contas bancárias até assessoria.
Quais fatores levaram o banco à falência?
O SVB sofreu com a deterioração do setor: a alta brusca dos juros nos Estados Unidos, que afeta um ramo altamente dependente de financiamento para crescer, somada às dificuldades de fornecimento de semicondutores e ao apetite fraco dos investidores pelas ações de tecnologia, marcam o fim da euforia tecnológica pós-pandemia.
O pânico iniciou depois que o controlador do banco, SVB Financial Group, anunciou que tentaria levantar US$ 2,25 bilhões (R$ 12,9 bilhões). O grupo vendeu rapidamente um portfólio de US$ 21 bilhões (R$ 109 bilhões) em títulos financeiros, com um prejuízo estimado de US$ 1,8 bilhão (R$ 9,3 bilhões).
O SVB buscava fortalecer suas finanças, enfraquecidas pelas retiradas de clientes. Segundo o canal especializado em economia CNBC, o banco não conseguiu obter o capital necessário e negociava a sua venda para outra instituição bancária antes do anúncio das entidades reguladoras.
Há risco de uma nova crise como ocorreu em 2008?
Ainda é cedo para mensurar os impactos finais do fechamento do banco. Contudo, não há sinais de uma crise aos moldes do que houve em 2008, embora o fato já tenha respingado na economia global.
Para se ter ideia, as dificuldades do SVB ultrapassaram as fronteiras do país e sacudiram o setor bancário mundial, que foi pego de surpresa.
No fim de 2022, o banco tinha US$ 209 bilhões (mais de 1 trilhão de reais) em ativos e US$ 175,4 bilhões (cerca de R$ 900 bilhões) em depósitos, segundo autoridades.
.Porém, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, reuniu-se na sexta-feira com reguladores financeiros para discutir a situação do SVB e declarou que o sistema bancário “continua sendo resiliente e os reguladores têm ferramentas eficazes para resolver este tipo de evento"
Os quatro maiores bancos dos Estados Unidos perderam US$ 52 bilhões (cerca de 270 bilhões de reais) no mercado de ações, e o movimento também afetou bancos asiáticos e europeus, que registraram fortes prejuízos em capitalização de mercado.
As dificuldades do SVB coincidiram com o anúncio, nesta semana, da liquidação do Silvergate Bank, instituição bancária particularmente ativa no setor atribulado das criptomoedas.
Desde a crise financeira de 2008-2009 e a quebra do Lehman Brothers, os bancos são submetidos a provas de resistência periódicas e têm que dar garantias aos reguladores de sua capacidade de resposta a situações de estresse.