Por que comprar imóvel no Meireles é três vezes mais caro que no Mondubim? Entenda

Meireles tem o metro quadrado mais caro da Capital, segundo pesquisa imobiliária

Comprar um apartamento no Bairro Meireles, em Fortaleza, é três vezes mais caro que no Mondubim. As informações são da pesquisa Flash Imobiliário, realizada pela Lopes Inteligência de Mercado.

Em junho, o Meireles teve o metro quadrado (m²) para venda mais caro da Capital, com valor médio R$ 14.950. Já no Mondubim, o m² de um apartamento custa em média R$ 4.900. O levantamento considera empreendimentos residenciais verticais de Fortaleza. 

O valor dos apartamentos no Meireles é 85% maior que a média da Capital, que é de R$ 8.067 por m².

Por que o Meireles é mais caro que o Mondubim?

Alexandre Queiroz Pereira, pesquisador do Observatório das Metrópoles, aponta que a valorização do Meireles decorre de uma estratégia do mercado imobiliário, desde os anos 1970, de induzir produtos residenciais para determinados segmentos. 

“Meireles é um bairro incluído na centralidade que envolve também a Aldeota. Há uma homogeneidade social, com famílias de renda média e alta. Há proximidade com serviços modernos, áreas de compras e, sobretudo, com a zona de praia mais turística e infraestruturada da cidade”, afirma. 

A valorização também é observada em outros bairros da Capital, como Papicu, Luciano Cavalcante, Varjota e Fátima, elenca Alexandre Pereira.

O especialista aponta que a desigualdade dos preços dos imóveis é comum na maioria das capitais. Em outras cidades litorâneas, como Recife, Salvador, Natal e Rio de Janeiro, o padrão é semelhante, segundo Alexandre Pereira. 

Já Patriolino Dias, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), afirma que há diferentes níveis de valorização dentro de um mesmo bairro, incluindo os mais afastados do centro. 

“Tem algumas vias, algumas quadras muito valorizadas. No próprio Mondubim, tem uma área com corredores comerciais onde os preços são bastante caros. Às vezes, o imóvel ser mais valorizado do que o outro não é necessariamente o terreno, mas também o acabamento do prédio”, aponta.

Cocó e Guarapares também aparecem entre os mais caros

O preço dos imóveis residenciais verticais em Fortaleza subiu 0,37% em junho. As maiores variações foram nos bairros Messejana (+3,19%), Mondubim (+2,98%) e Cidade 2000 (1,48%). 

Seguindo o Meireles, os bairros Aldeota, Cocó e Guarapares aparecem entre os mais caros, com m² acima de R$ 10 mil. Já o Conjunto Esperança tem o m² mais barato entre os bairros da Capital do levantamento, de R$ 4.065.

Alexandre Queiroz Pereira comenta que a tendência é que a área nobre continue a se valorizar, atraindo uma parcela da população cada vez mais rica. “No olhar do mercado imobiliário, há um otimismo e um olhar positivo para esse desdobramento, afinal eles pensam a cidade como um negócio”, explica.

“Para a cidade real, a que se vive, é péssimo, pois cria desigualdades de acesso à moradia em áreas bem servidas de infraestruturas e qualidade urbana. Quanto maior o preço do imóvel e dos aluguéis, maior é a exclusão da maioria da população da cidade”, pondera. 

Já Patriolino Dias ressalta que o mercado imobiliário segue o fluxo de oferta e procura e que o comportamento de valorização das regiões da cidade pode se alterar.

“No Meireles você tem uma oferta cada vez menor de espaços. As pessoas querem morar lá e 'não tem terreno', tem que valorizar. É bem verdade que tudo depende do entorno. Se a gente pegar São Paulo, tem bairros que outrora eram degradados e já estão com imóveis valorizados, tiveram uma revitalização”, afirma. 

A pesquisa também identificou o preço médio dos residenciais verticais de cidades da Região Metropolitana de Fortaleza. Eusébio é a 14ª zona de valor mais cara, com imóveis de valor médio de R$ 5.977 por m², acima de diversos bairros da Capital.

Já Maracanaú aparece nos últimos lugares do levantamento, com apartamentos precificados a uma média de R$ 4.331 por m².

Veja as zonas de valor mais caras da Grande Fortaleza:

  • Meireles: R$ 14.950
  • Aldeota: R$ 13.606
  • Cocó: R$ 12.396
  • Guararapes: R$ 10.941
  • Cidade dos Funcionários: R$ 10.700
  • Papicu: R$ 9.900
  • Fátima: R$ 9.700
  • Dunas: R$ 8.725
  • Cambeba: R$ 8.228
  • Parquelândia: R$ 8.225 
  • Luciano Cavalcante: R$ 7.945
  • Praia do Futuro: R$ 6.291
  • Eusébio: R$ 5.977
  • Maraponga: R$ 5.919
  • Sapiranga: R$ 5.655
  • Passaré: R$ 5.125
  • Barra do Ceará: R$ 5.010
  • Mondubim: R$ 4.900