Quem investe na Aeris tem tido prejuízo na comparação do último ano. A ação da empresa na Bolsa de Valores teve uma recuperação em janeiro, mas acumula queda de 76,04% nos últimos 12 meses,
O papel entrou no mercado em novembro de 2020 sendo negociada a R$ 11,35 e chegou ao pico de R$ 13,09 em janeiro de 2021. Desde então, a tendência foi de queda, tendo a ação chegado à mínima de R$ 1 em dezembro do ano passado.
A queda é muito mais motivada pela conjuntura global e econômica que pela empresa em si, que segue sendo uma opção válida para várias casas de investimentos. O cenário futuro, contudo, segue sendo nebuloso, e diferentes fatores podem afetar uma recuperação no valor da ação.
Período conturbado
O economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, explica que a Aeris abriu capital em um período conturbado para o mercado no geral. Vários segmentos enfrentaram dificuldades em razão da pandemia e não foi diferente para o setor de energias renováveis.
Ele acrescenta que o aumento da taxa de juros no país também penalizou a valorização do papel, já que o setor de energia depende muito de investimentos para alavancar.
O analista de Bens de Capital e Transportes da XP, Lucas Laghi, relaciona que os resultados reportados pela empresa no terceiro trimestre de 2022 não foram muito otimistas, justificando as quedas mais recentes e a chegada da ação ao patamar mínimo.
A gente viu globalmente as empresas fabricantes de turbinas eólicas passando por dificuldades em relação à cadeia de suprimentos, os custos ficaram pressionados, com margens em níveis negativos. A performance financeira acabou sendo bem negativa"
Ele acrescenta que a Aeris reportou que houve uma complexidade maior na produção de pás maiores no terceiro trimestre, o que acabou gerando níveis de produção abaixo dos esperados. “Isso gerou uma preocupação adicional em relação à sustentabilidade das expectativas de crescimento que a gente coloca na Aeris”, coloca.
Recuperação em 2023
Apesar dos resultados negativos no último ano, a ação já acumula uma alta de 36,28% em 2023. Laghi afirma que não há como pontuar fatores específicos que puxaram a valorização. Ele analisa que a alta é uma retomada do valor da empresa a níveis mais aceitáveis e reais para o mercado.
“O patamar de R$1 não refletia o papel de maior valor que ela tem comparado a outros setores. Parte a gente vê como correção da queda muito grande nos últimos meses e parte é o mercado enxergando a Aeris como uma empresa de maior valor, que não parecia o que estava precificado no papel a R$ 1”, diz.
Ele considera que, mesmo com os resultados negativos anteriores, ainda vale a pena investir na ação. A expectativa é que ocorra uma valorização mais expressiva a partir da divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2023. A XP calcula o preço alvo de R$ 4 para a ação da empresa.
“Resumidamente, a gente tem uma visão positiva para o crescimento do setor, a fonte eólica ainda vai ter um papel importante. Olhando para o micro, como a gente acredita que ela tem esse papel fundamental na cadeia de produção de usinas eólicas, com o tempo vai subir na cadeia de valor que agora está pressionada. A gente espera em 2023 e 2024 pensando nos clientes”, avalia.
Para Bertotti, o setor de energias renováveis é promissor, sendo a empresa uma boa opção de investimento a longo prazo. Ainda assim, o cenário imediato é incerto.
“Agora temos um governo novo, com planos que devem mexer em juros. Nós temos uma reunião agora do Banco Central, vamos ter que observar muito o comunicado [da manutenção da taxa de juros]. É um setor que depende muito de investimentos, com as incertezas que nós temos está muito retraído na economia”, pondera.