A Petrobras não voltará atrás na decisão já tomada de cancelar o investimento na instalação das refinarias Premium I e II, no Maranhão e no Ceará, respectivamente. Foi o que afirmou, nessa quarta-feira (22), o presidente da companhia, Aldemir Bendini, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Mesmo diante da declaração, o governador cearense, Camilo Santana, reafirmou ontem que continuará brigando junto ao governo federal pelo empreendimento.
Bendini disse, na entrevista ao periódico, que o cancelamento das duas usinas é "decisão tomada e não mudará". A desistência dos dois projetos foi definida no dia 22 de janeiro deste ano e anunciada no dia 28 do mesmo mês pela antiga presidente da empresa, Graça Foster, durante divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014.
Na última quarta-feira, na divulgação dos resultados do ano passado, a empresa reforçou a decisão tomada anteriormente. No Relatório de Administração 2014 apresentado na ocasião, a Petrobras apontou as três razões que levaram à desistência das refinarias: a baixa atratividade dos resultados econômicos, "mesmo depois das otimizações de custo incorporadas ao investimento"; a ausência de um parceiro econômico para os empreendimentos, "condição mandatória do Plano de Negócios e Gestão" e, por fim, o entendimento de que a expansão dos mercados internos e externos de derivados de petróleo poderão ser atendidos pelo aumento da capacidade de produção das usinas já existentes, por meio do Programa de Maximização de Médios e Gasolina (Promega), com exceção da Rnest (Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco), que ainda não tem data para a retomada das obras de sua segunda linha de produção de combustíveis.
Procurado pelo Diário do Nordeste após a divulgação da declaração de Bendini, o governo estadual afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o governador Camilo Santana "está tratando internamente com o governo federal" a questão ligada à refinaria Premium II. Ainda segundo a assessoria, ele não afirmaria mais nada além disso.
A presidente Dilma Rousseff já teria afirmado aos governadores do Ceará e do Maranhão que a Petrobras poderia retomar os projetos das unidades de refino em 2017, o que contradiz a declaração do presidente da estatal. Essa informação foi divulgada no último mês de março, no site da revista Veja, na coluna Radar, do jornalista Lauro Jardim.
Prejuízos
Segundo o relatório da Petrobras, a desistência das duas refinarias contribuiu para o prejuízo financeiro da empresa de R$ 21,6 bilhões no ano passado. A baixa dos valores relacionados à construção das usinas foi de R$ 2,82 bilhões.
No documento, a companhia informa que reduzirá os seus investimentos até 2016. A previsão é de investir US$ 29 bilhões neste ano e US$ 25 bilhões no próximo. Em 2014, foram US$ 35 bilhões. Mais detalhes sobre os investimentos serão dados no Plano de Negócios 2015-2019 da empresa, daqui a 30 dias, conforme adiantou o presidente Aldemir Bendini.
Sérgio de Sousa
Repórter