O setor de embalagens no Ceará, que vive um período de bonança desde o ano passado, tem expectativas positivas para o segundo semestre deste ano. E a chegada do Centro de Distribuição da Amazon, ainda sem data, traz mais otimismo.
Sem estimar números, o presidente do Sindicato das Indústrias de Papel, Papelão, Celulose Embalagens em Geral do Estado do Ceará (Sindiembalagens), Hélio Perdigão, acredita que o investimento da gigante do e-commerce no estado trará uma maior demanda sobretudo para as empresas de caixas de papelão.
“A gente acredita que vai haver um aumento de demanda principalmente de caixas pequenas. Nós somos um setor bem estruturado, as empresas tem capacidade de absorver isso, com certeza”, projeta.
O ritmo de produção do setor é um dos termômetros para o desempenho do comércio e da economia como um todo.
Ano de crescimento
Hélio calcula que o setor cresceu entre 20 e 30% no ano passado quando comparado a 2019. O avanço do e-commerce e o aumento das exportações de frutas em razão da alta do dólar motivaram a alta.
A maior demanda somada à paralisação de indústrias de papel e plástico em razão da pandemia levou o setor, inclusive, a ter problema com falta de matéria-prima. Algumas empresas recorreram à importação de insumos para conseguir atender a procura.
Segundo ele, as expectativas são de crescimento ainda maior neste ano, já que o mercado “está mais equilibrado”, com as indústrias de matéria-prima voltando à normalidade. O maior desafio para alavancar o crescimento do setor é a compra de máquinas novas para acompanhar a demanda.
Para Hélio, o crescimento do setor de embalagens no estado é um sinal de aquecimento da economia.
A maior parte dos produtos leva alguma embalagem. Alguns economistas até falam se quer saber se o mercado está aquecido é só olhar o setor de caixas de papelão. Tá aquecido e vai continuar crescendo, é um sinal de que a economia está melhorando
Aumento do delivery
Para além da indústria, as lojas de embalagens também notaram um crescimento no último ano, grande parte em razão da maior demanda por delivery.
A D’Tudo Embalagens, localizada no Dionísio Torres, teve um crescimento em torno de 60% no faturamento. Conforme a analista administrativa da loja, Marcelle Timbó, o carro chefe foram as embalagens plásticas próprias para alimentos, que podem ser levadas ao microondas e ao freezer.
Ela conta que a loja teve maior avanço desde junho do ano passado, quando ampliaram a presença no meio digital e apostaram nas opções de retirada na loja e delivery.
Um aumento na casa dos 20% também foi percebido na Alimec Embalagens, no Montese. A gerente administrativa Jarina Maia considera que o crescimento teve a ver com três fatores: a alta no consumo das famílias devido ao auxílio emergencial, a maior demanda por delivery e o movimento de empreendedorismo por parte da população desempregada.
"Na primeira fase da pandemia, logo após o primeiro lockdown, entre junho e novembro, sentimos um forte crescimento de demanda por nossos produtos, o que atribuo a fatores tais como: a alta no consumo das famílias devido ao auxílio emergencial, a alta demanda por delivery, que exige embalamento, o movimento de empreendedorismo por parte da população que perdeu seu emprego, dentre outros”, resume.
Inflação
Para ela, a demanda de delivery deve continuar puxando para cima a procura por embalagens. Contudo, se preocupa que a alta inflacionária e redução de capacidade de consumo da população prejudique o faturamento da loja.
“Isso reflete em nosso setor, pois os pequenos produtores têm diminuição em sua demanda, produzem menos e, consequentemente, compram menos embalagem para seus produtos. Clientes que compravam uma certa quantidade se veem obrigados a reduzirem 20, 30% o seu volume de compra porque seus pedidos diminuíram. A expectativa é, pelo menos, voltar aos patamares de 2019”, prevê.