A cidade de Penaforte, na divisa do Ceará com Pernambuco, deve ganhar um novo complexo para produção de energia nos próximos meses. O investimento será em um parque fotovoltaico com capacidade de geração de três megawatts (MW), voltado exclusivamente para geração distribuída (GD) residencial e comercial.
Além disso, também será construída uma usina de Waste-to-Energy (WtE). Pela definição do Governo Federal, trata-se de um "grupo de tecnologias para tratar resíduos visando a recuperação energética na forma de calor, eletricidade ou combustíveis alternativos".
O empreendimento será destinado para tratamento de resíduos sólidos despejados em aterros sanitários da região e a consequente conversão em biogás. A capacidade de processamento de lixo é de, no mínimo, 70 toneladas por dia. O investimento total nos equipamentos será de R$ 150 milhões.
De acordo com Salmito Filho, secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, o Governo do Estado está em reuniões com os diretos da New Sun Energy Brazil S/A, empresa brasileira com sede em Franca, no interior de São Paulo, e que será responsável pela usina em Penaforte.
"É um Investimento para geração de energia fotovoltaica de R$ 150 milhões na região do Cariri. Eles querem investir, mas só vão investir desde que tenham uma segurança da Enel em Penaforte", declarou Salmito.
Em entrevista para o Diário do Nordeste, Ricardo Rufino, head de expansão da New Sun, diz que a empresa já está em tratativas avançadas com o Governo do Estado, mas ainda depende da Enel Ceará, concessionária de energia elétrica cearense, para ter acesso à rede de distribuição elétrica para dar prosseguimento aos demais trâmites burocráticos.
"Primeiro tem que passar pelo parecer de acesso à rede, vamos depois ter a contemplação da Prefeitura com o terreno. No tempo de cooperação técnica que temos com a Prefeitura de Penaforte, a Prefeitura só faz o investimento no terreno se recebermos o parecer positivo", explica.
Foco em GD e tratamento de lixo nos aterros
Ricardo Rufino afirma que este será o primeiro empreendimento no Nordeste da New Sun, empresa fundada em 2017 e com atuação restrita até então no Centro-Sul do Brasil. Atualmente, a empresa mantém 17 usinas, sendo 13 fotovoltaicas e quatro de biogás, em toda a região Sudeste (com exceção do Espírito Santo) e no Rio Grande do Sul.
"Fazemos arrendamento da fazenda solar, injetamos a energia na rede e ficamos responsáveis pela fatura do cliente. O propósito de vir para o Nordeste, em especial para o Ceará, é todo o incentivo governamental para as empresas que trabalham com energia fotovoltaica e hidrogênio verde. O próximo quadriênio da New Sun vai ser de investimentos nessas áreas", aponta o head de expansão da companhia.
Geração distribuída, área de atuação da New Sun, é uma tendência crescente no mercado local. Trata-se de pequenos parques fotovoltaicos, seja no local de consumo ou próximo a ele, onde se produz a eletricidade a ser utilizada pela unidade consumidora.
Além de Penaforte, a empresa chegará ao Ceará com outros dois investimentos, todos no interior do Estado, em locais que ainda não podem ser divulgados por estarem em tratativas. Um deles será um parque solar e o outro, uma usina de WtE.
Na cidade do extremo sul cearense, o investimento total será de R$ 150 milhões divididos ao longo de quatro anos. Inicialmente, o valor aplicado será de R$ 60 milhões no que Ricardo Rufino chama de "usina dupla", fotovoltaica e de biogás, mirando receber resíduos sólidos de Salgueiro, já no estado de Pernambuco.
"A primeira etapa é de R$ 60 milhões em uma usina dupla, mix de fotovoltaica e WtE. Queremos utilizar a localização de Penaforte para solucionar uma situação que se encontra em Salgueiro de uma insolvência do aterro próximo, que já está recebendo muito resíduo e atrair os outros municípios a nos mandarem o lixo", argumenta o head de expansão.
Geração de empregos e novos investimentos
Ao todo, entre construção da usina e operação, serão gerados mais de 100 empregos nas duas usinas, conforme explica Ricardo Rufino. A decisão por focar especialmente em GD é pelo volume do investimento, que pelas características da New Sun, não permite competitividade com grandes empresas do ramo de renováveis.
"Quando se vai falar acima de 20 MW de energia, está se falando de, no mínimo, R$ 300 milhões, R$ 400 milhões. Nossa intenção é vender para condomínios e empresas que tiverem interesse como a gente faz lá em Franca", comenta.
Na fase de implantação e construção, serão gerados entre 50 e 75 empregos. Após isso, são gerados no mínimo, de forma direta, 11 empregos pela usina fotovoltaica e pela usina de WtE, a depender da quantidade de lixo. Nas nossas outras experiências, não se gera menos do que 20 empregos, além dos catadores, empregados indiretos.
A expansão da New Sun prevê investimentos no Ceará a longo prazo, pensando em 2030. Daqui a seis anos, Ricardo Rufino projeta que a empresa mira os 50 MW de potência instalada daqui a seis anos, seja por meio de energia fotovoltaica para GD ou com biogás.