>História mostra que crise atual é menos grave e mais duradoura
>Inflação de hoje não chega aos pés do descontrole do passado
“Se antes era o mercado interno que estava contribuindo mais para a economia, agora isso já muda um pouco”, frisa o coordenador do curso de Economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) em Minas Gerais, Marco Salvato. Ele acrescenta que o patamar elevado do dólar – hoje cotado a R$ 3,50 – torna as vendas ao exterior mais atrativas às empresas nacionais.
“Quando a gente tem esse desaquecimento interno, as exportações sempre aparecem como uma janela. Mas as vendas para o exterior não vão ter um impacto tão grande para o Brasil, por conta da queda dos preços das commodities”, pondera o economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Eleutério. Aproximadamente dois terços do que o País exporta hoje, destaca, são formados por commodities.
O economista ressalta que, embora as ações tomadas recentemente pelo governo para retomar o crescimento econômico tenham um custo que afeta diretamente os brasileiros, as medidas são necessárias para restabelecer o chamado tripé econômico – através do qual o Brasil pôde equilibrar suas contas e apresentar crescimento na última década. O tripé é caracterizado pela responsabilidade fiscal, refletida no superávit primário das contas públicas, pelo câmbio flutuante e por um controle da inflação, a partir de uma meta estabelecida pelo governo.
Conforme a economista responsável pela área de macroeconomia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, outra iniciativa que o governo deve tomar para amenizar a crise, além do maior contato com agentes como os Estados Unidos e a Europa, são os investimentos na área de infraestrutura, que têm potencial para dinamizar a economia.
Embora o corte de gastos restrinja as ações que o governo pode adotar, acrescenta, outras medidas que não trariam custos significativos podem ser tomadas. Uma delas, exemplifica, é colocar à frente das agências reguladoras profissionais com perfil técnico compatível com seus postos, em vez de pessoas ligadas à política. Para Alessandra, essas mudanças aumentariam o nível de confiança no País.
Influência da política