A Americanas enviou à Justiça do Rio de Janeiro a lista de credores para o início da recuperação judicial da empresa. O documento, divulgado nesta quarta-feira (25), contabiliza 7.720 credores oficiais, somando uma dívida de R$ 41,2 bilhões.
Desse montante, pelo menos R$ 28,6 milhões são devidos a comércios, indústrias, empresas de serviços, pessoas físicas e municípios do Ceará. Ao todo, são 117 nomes na lista, que traz alguns credores com endereço incompleto.
Considerando todo o País, a Americanas deve R$ 64,8 milhões referentes à classe trabalhista, R$ 41 milhões à classe quirografários e R$ 109,4 milhões à classe de microempresas e empresas de pequeno porte.
Credores cearenses
O maior credor das Americanas no Ceará é a Grendene, indústria de calçados sediada em Sobral. A dívida da varejista apenas para esse credor chega a R$ 10,1 milhões.
Outras empresas cearenses conhecidas figuram na lista, como Hapvida, M Dias Branco e Brisanet, além da Cagece e da Coelce. São 87 empresas, incluindo segmentos como alimentação, saúde, construção civil, telecomunicações e têxtil.
A Americanas também possui dívida ativa com 11 municípios cearenses, incluindo Fortaleza, Juazeiro do Norte, Aracati e Jijoca de Jericoacoara. A lista ainda conta com 18 pessoas físicas, com dívidas que chegam a até R$ 48.024,60.
Há 5 credores cearenses com dívidas abaixo de R$ 100. É o caso da empresa de informática Maquilar, que deve receber R$ 20 da varejista.
Confira as empresas cearenses credores acima de R$ 1 milhão
Credor | Valor |
GRENDENE S/A | R$ 10.157.816,94 |
CESDE IND E COM DE ELETRODOMESTICOS | R$ 4.901.010,08 |
IMOBILIARIA CPC LTDA. | R$ 2.065.683,64 |
EMPRESA BRASILEIRA BEBIDAS ALIMENTO | R$ 1.898.284,18 |
HAPVIDA ASSISTENCIA MEDICA LTDA | R$ 1.689.974,37 |
RIOMAR SHOPPING FORTALEZA S.A | R$ 1.370.656,83 |
DELCOTTON IND COMERCIO CONFECÇOES L | R$ 1.115.920,88 |
NATURAGUA AGUAS MINERAIS IND E COM | R$ 1.032.684,84 |
Recuperação judicial
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial na última quinta-feira (19), após tornar público ao mercado inconsistências fiscais que revelaram um rombo bilionário na empresa. O pedido foi acatado pela Justiça do Rio de Janeiro, que solicitou que a empresa enviasse uma lista completa dos credores.
De acordo com a varejista, o pedido de recuperação judicial foi realizado considerando os desafios que a empresa está enfrentando na interface com credores e fornecedores, desde revelação das inconsistências contábeis; a necessidade de atendimento dos interesses de seus credores, acionistas e 'stakeholders'; a posição de caixa que se reduziu sobremaneira; e a necessidade de preservação da continuidade da oferta de serviços de qualidade.
"O grupo de acionistas de referência informou ao presidente do conselho de administração que pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, - americanas.com - , da Ame e suas demais coligadas", diz a companhia no pedido.
O rombo bilionário foi comunicado pela empresa em 11 de janeiro. O documento foi assinado pelo presidente executivo da empresa, Sérgio Rial, que estava no cargo havia apenas 15 dias. Ele renunciou da presidência em seguida.