Apesar dos apagões recorrentes no Brasil, a Abrate afirma que a idade das linhas não afeta no desempenho
Brasília. Dos 103 mil quilômetros de linhas de transmissão existentes no Brasil, atualmente, 63 mil quilômetros têm mais de 15 anos. Os 40 mil quilômetros restantes foram construídos depois de 1997, segundo dados da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate).
Dos 103 mil quilômetros de linhas de transmissão, 40 mil foram construídos depois de 1997, mas há linhas no Brasil com mais de 70 anos FOTO: DIVULGAÇÃO
"O País tem linhas de transmissão com mais de 70 anos de operação, mas a idade das linhas não influi muito no desempenho - as linhas novas e as antigas têm, aproximadamente, o mesmo desempenho", avalia o diretor executivo da Abrate, Cesar de Barros Pinto.
A idade das linhas de transmissão não é um fator relevante para o desempenho do sistema, diz também o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro. "Se você tem um carro velho e o mantém sempre em dia, troca o óleo, ele dura muito. Se não faz nada, ele dura pouco. No caso do setor elétrico, como é uma questão estratégica, o governo olha com muita atenção, e tem critérios muito rigorosos de manutenção", diz Castro.
Essenciais
As linhas de transmissão são essenciais para o funcionamento do Sistema Interligado Nacional (SIN), permitindo intercâmbio permanente de energia entre as regiões. Coordenado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o SIN é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e de parte da região Norte. Apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país estão fora do SIN, em pequenos sistemas isolados, localizados principalmente na região amazônica.
O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, lembra que, depois do racionamento que o País enfrentou em 2001 e 2002, houve investimento forte no sistema de transmissão, que ocasionou um crescimento de 60% na rede. "Um dos pontos diagnosticados na época foi que havia gargalos de transmissão. O Sul poderia ter mandado energia para o Sudeste, mas não havia transmissão. Hoje o Brasil não tem gargalos de transmissão, nunca se investiu tanto em transmissão como nos últimos anos," afirmou.
Expansão
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a expectativa do governo é chegar a 2021 com 150,5 mil quilômetros, um aumento de 46% em relação à rede atual. O investimento previsto para o período, incluindo as instalações já licitadas, deve somar R$ 55,8 bilhões - R$ 36,3 bilhões em linhas de transmissão e R$ 19,5 bilhões em subestações.
Sistemas começam a ser fiscalizados
Brasília. A partir desta segunda-feira, dez equipes de técnicos do governo visitarão as principais instalações de transmissão de energia no País, para rever todos os procedimentos de segurança. A medida foi adotada depois dos últimos episódios de falta de energia ocorridos em diversas regiões brasileiras. Segundo o Ministério de Minas e Energia, todas as ocorrências tiveram como causa falhas no sistema de proteção primário das linhas de transmissão.
Na última quinta-feira, o governo publicou o Protocolo de Avaliação dos Sistemas de Proteção da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN), que estabelece procedimentos, critérios e requisitos a serem adotados na avaliação dos sistemas de proteção, com a intenção de aumentar a segurança e confiabilidade das operações.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai disciplinar o processo de avaliação, e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, definir quais as adequações e em que prazo terão de ser executadas. As empresas deverão elaborar um plano de ação para sanar os problemas apontados pelo protocolo.
O País tem atualmente 68 detentoras de concessão para transmissão de energia elétrica, responsáveis pela construção e operação das linhas de transmissão e subestações.